França 0x2 México; Grécia 2x1 Nigéria; Argentina 4x1 Coréia do Sul.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
França 0x2 México
Gostaria de fazer uma breve comparação na preparação de México e França para a Copa do Mundo. No dia 03.06.2010, os mexicanos derrotaram a Itália em amistoso, pelo placar de 2x1. Antes disso, a equipe do técnico Javier Aguirre fez vários testes, contra adversários de gabarito como Holanda ou Inglaterra, e deu trabalho para essas seleções. Desde Abril, o Chivas Guadalajara não pode contar com os seus jogadores na disputa da Taça Libertadores, afinal o treinador mexicano convocou os atletas que atuam no futebol local para começarem os trabalhos para a Copa do Mundo. A equipe, portanto, chegou ao Mundial em ponto de bala. Javier Hernandez, autor do primeiro gol na partida de hoje, fez vários gols nos amistosos de preparação e conseguiu vaga na equipe de última hora, até mesmo pela contusão de Miguel Sabah. Por outro lado, Raymond Domenech é odiado na França. O treinador, é verdade, estava no comando dos “bleus” na Copa de 2006, mas a primeira fase dos europeus foi horrorosa e a equipe só conseguiu dar a volta por cima e disputar a final contra a Itália, por causa de um gênio chamado Zidane. Sem o craque, que se aposentou após o Mundial da Alemanha, Domenech não conseguiu mais sucesso no comando da equipe. Com vários talentos, a seleção francesa conseguiu o feito de somar apenas 1 ponto em três jogos na Eurocopa de 2008. Mesmo criticado, o treinador continuou no comando e os “bleus” ficaram em segundo lugar em seu grupo nas eliminatórias para a Copa de 2010, atrás da Sérvia. Com isso, a equipe jogou a repescagem e só conseguiu a vaga para o Mundial graças a um lance irregular, onde Henry ajeitou com a mão e cruzou para Gallas classificar os franceses diante da Irlanda, que certamente faria mais bonito nessa Copa do Mundo. Enfim, antes do Mundial a federação ainda faz o favor de anunciar o treinador que vai assumir o comando após a Copa: Laurent Blanc. Os amistosos de 2010 foram um fiasco, inclusive com derrota vergonhosa para a China. Nos últimos dias, os problemas internos vieram a tona. Nem o período de preparação nos alpes franceses, com tarefas estranhas como corridas de bicicletas, foi capaz de fazer esse time se tornar uma família. Panelinhas, polêmicas com a imprensa, falta de vibração e, principalmente, ausência de comando. Só mesmo isso para explicar como um time com tantos talentos não se encontra dentro de campo e,muito provavelmente, vai cair na primeira fase da Copa.
O México dominou as ações do início ao fim. Sem criatividade, a seleção europeia não conseguiu furar o bloqueio defensivo imposto pelo “ tri”. Salcido encontrou uma avenida pelo lado esquerdo, setor em que deveria ser acompanhado por Gallas ou Govou. Desse lado, criou chances, fez cruzamentos e, por muito pouco, não marcou o gol, em duas oportunidades. Carlos Vela e Giovani dos Santos jogaram mais abertos, enquanto que Guille Franco ficou centralizado. Eu, particularmente, começaria com Javier Hernandez no lugar de G. Franco. Mas a opção de Aguirre é aceitável, até mesmo pela falta de experiência do futuro artilheiro do Manchester United. Na partida de hoje, o “Chicharito” entrou no segundo tempo e buscou o jogo. Em lance de muita inteligência, percebendo que a zaga francesa estava bem adiantada, ele tocou atrás para Rafa Marques e correu. O experiente zagueiro do Barcelona, que joga como volante na seleção Mexicana, fez um lançamento preciso para Hernandez que entrou sozinho, driblou Lloris e marcou o gol. Olha alguns detalhes táticos interessantes desse jogo! Abidal, que é lateral esquerdo de origem no Barcelona, é inexplicavelmente escalado como zagueiro ao lado de Gallas, que está voltando de contusão e visivelmente não consegue acompanhar os atacantes adversários. Nos amistosos da França, eu já chamava a atenção para isso. Com a dupla de zaga lenta, é difícil marcar um ataque veloz, como é o caso dos jogadores de frente do adversário de hoje. Quanto ao México, novidade foi a entrada do arisco Pablo Barrera, no lugar de Carlos Vela, que deixou o campo sentindo problemas musculares ainda no início do jogo. Barrera entrou muito bem pela ponta direita e sofreu pênalti de Abidal. Na cobrança, o experiente Blanco bateu bem e fez o segundo do México, já na reta final do jogo. O atrapalhado Domenech colocou Gignac e Valbuena nos lugares de Anelka e Govou, respectivamente. Mudou o ataque, mas não alterou a formação do meio de campo, que contava com os pouco inspirados Malouda, Diaby e Ribery. Nem o Gourcuff, homem das bolas paradas, apareceu como opção no jogo de hoje. Dizem que o negócio tá feio nos bastidores, Gourcuff lidera uma panelinha, enquanto que Evra lidera outra. No fim, Evra chorou, talvez por ter defendido a presença de Henry no time. A França, com chances remotas na última rodada, deveria entrar em campo com todos os jogadores que foram reservas no jogo de hoje, afinal eles se doarão muito mais do que um time que ainda não fez nada nessa Copa e pode até piorar a campanha de 2002.
Grécia 2x1 Nigéria
Tudo normal na primeira meia hora de Nigéria e Grécia. Os helênicos jogando sem vibração, com cinco jogadores no campo de defesa e a fraca Nigéria buscando furar o sistema defensivo do adversário. Kalu Uche, em cobrança despretensiosa de falta, achou um gol para as “super águias”, logo no início. Para quem nos acompanhou na cobertura da Copa Africana de Nações, certamente já sabe minha visão sobre a seleção nigeriana, que não tem ligação entre meio de campo e ataque. Para piorar, ainda perdeu Mikel, que é titular no Chelsea desde a contusão do ganês Essien, na própria CAN 2010. A Grécia, por outro lado, jogou no 5-3-2. A situação do jogo mudou quando, com pouco mais de trinta minutos de jogo, Kaita agrediu o lateral-esquerdo Torosidis. O grego fez cena, sem imaginar que seria o protagonista do jogo, ao marcar o gol da virada no segundo tempo. Otto Rehaggel, sem pensar duas vezes, chamou o grandalhão Samaras e colocou a equipe grega no 4-3-3, ao tirar Papasthatopoulos. Tudo mudou, a partir daí. Qualquer pessoa que acompanhou futebol internacional na última década se surpreendeu ao ver uma Grécia ofensiva, partindo para cima do adversário. Katsouranis e Karagounis, aqueles “postes” que não fizeram nada no jogo contra a Coréia do Sul, me fizeram, por um momento, me lembrar da grande fase da Grécia na Euro 2004. O time grego esqueceu a marcação, seu ponto forte, e laterais, volantes e até mesmo os zagueiros eram vistos na área, ajudando os homens de frente. Katsouranis, em linda jogada, deixou Salpingidis na cara do gol e o arisco atacante grego driblou a zaga mas parou no goleirão Enyeama. Em outro lance, Samaras pegou bonito em cobrança de escanteio, mas Haruna evitou o gol quando o goleiro já estava batido. O lance histórico, o primeiro gol helênico em Copas do Mundo, aconteceu aos 43 minutos, quando Katsouranis recebeu dentro da área e recuou para Salpingidis soltar a bomba, que desviou em Haruna, e enganou o goleiro nigeriano. Muita comemoração do jogador do Panathinaikos, o mesmo que fez o gol da classificação contra a Ucrânia pelas eliminatórias e que, inexplicavelmente, começou no banco de reservas contra a Coréia. Diga-se de passagem, que após a entrada de Salpingidis naquele jogo contra os sul-coreanos, a Grécia melhorou muito, afinal o atacante se movimenta como nenhum outro nesse time.
O segundo tempo de Nigéria e Grécia foi eletrizante. A Grécia jogou o tempo todo em seu campo de ataque, não deixando o adversário respirar. Ou seja, a história mudou e a seleção grega, que tanto gosta de esperar para contra-atacar, passou a se arriscar, podendo provar do seu próprio veneno. Os laterais, Vnytra e Torosidis, apoiaram muito. Era corriqueiro ver Vyntra chegando com velocidade e levantando a bola na área. Karagounis, enfim, voltou a ser o líder de 2004, conseguindo bons chutes de fora da área (uma passou perto e o outra Enyeama defendeu). Em outro lance interessante, Karagounis fez cruzamento certeiro para Samaras, que cabeçeou bonito para uma defesa espetacular do goleiro nigeriano. Em outro lance muito legal, Yobo cortou um lançamento para o meio da área e a bola sobrou para Gekas, que chutou muito bem para a defesa do goleiro. No rebote, a Nigéria armou um contra-ataque quase mortal, com Yakubu sendo impedido de fazer o gol por Tzorvas e, na sobra, com Obasi mandando para fora. A grande participação de Enyeama, mais uma vez votado como o melhor em campo no site oficial da FIFA, acabou se tornando uma decepção, quando o goleirão soltou chute de Tziolis e deu rebote para Torosidis virar o jogo para os europeus. O volante Tziolis, jogador muito interessante, conseguiu outro bom chute no fim do jogo e Enyeama pegou. A entrada de Samaras no primeiro tempo e de Ninis no final do jogo fez com que os gregos atacassem mais pelas pontas, buscando o tempo todo cruzamentos para a área, o que é característica dessa seleção. A Grécia venceu, mas para se classificar precisará vencer a poderosa Argentina, uma tarefa muito complicada. A Nigéria, por outro lado, precisa fazer dois gols de diferença na Coréia do Sul e torcer para que os argentinos vençam os gregos. A última rodada promete!
Argentina 4x1 Coréia do Sul
Não achei que a Argentina foi tecnicamente brilhante na partida de hoje. Os hermanos mostraram eficiência no ataque, mas a defesa é muito fraca. Não existe um equilíbrio, portanto. Jonas Gutierrez como lateral direito é inexplicável. Samuel, o único que salva na defesa, saiu machucado e é dúvida para o próximo jogo. Demichelis, como sempre, comprometeu e foi o único culpado pelo gol dos asiáticos. Além desses, ainda tem Heinze, que conhecemos bem. Do meio para frente, o time é fantástico, talvez o melhor do Mundial. Sem Veron, Maradona escalou Maxi Rodriguez, que deu mais velocidade ao setor. Enfim, a Argentina ditou o ritmo do jogo no início. O primeiro gol saiu em jogada de bola parada, quando Park Chu Young desviou a bola (de canela) para as próprias redes, após cobrança de falta de Messi. Não existe nada mais desagradável para um atacante, ainda mais do nível de Park Chu Young, do que marcar um gol contra em Copa do Mundo. De bola parada, a Argentina construiu a jogada do segundo gol, quando Messi (praticamente do mesmo lugar que bateu a primeira falta) rolou para Maxi Rodriguez que levantou na área, Burdissou desviou e Higuain completou de cabeça, para fazer o primeiro dele na partida. Antes da falha bisonha de Demichelis, Messi ainda fez linda jogada e quase marcou um gol de placa, além de um lance onde Higuain caiu bem pela ponta e cruzou, o goleiro rebatou e Di Maria pegou bonito, de primeira, para uma defesa muito bonita de Jung Sung-Ryong. Foi o goleiro sul-coreano que deu um chutão para frente, Park Chu Young desviou de cabeça e a bola sobrou tranquila para Demichelis, que dormiu no lance, e entregou o ouro para o talentoso Lee Chung-Yong, que só teve o trabalho de completar para as redes. Fim do primeiro tempo e vitória dos sul-americanos por 2x1.
Etapa final e Park Ji-Sung, um dos melhores jogadores da primeira rodada, era a esperança de empate para os sul-coreanos. Do lado argentino, o trio de ataque formado por Tevez, Higuain e Messi era o ponto forte, enquanto que Di Maria (que fez um primeiro tempo brilhante) era responsável pela armação ao lado de Maxi Rodriguez. A melhor jogada da primeira parte do segundo tempo aconteceu quando Tevez tocou para Di Maria, que deveria ter chutado para o gol, mas prefiriu dar a assistência para Higuain, que pegou de primeira e o goleirão defendeu bem. Depois disso, a Coréia do Sul dominou as ações. Em contra-ataque rápido, Lee Chun-Yong e Yeom Ki-Hun fizeram tabela rápida, o primeiro puxou a marcação e deu um passe preciso para Ki-Hun que ficou frente a frente com Romero, mas mandou para fora. O domínio sul-coreano nesse momento do jogo era visível, apesar da única chance clara ter sido essa. Notando que o contra-ataque era a melhor opção, Maradona colocou o veloz Aguero no lugar de Tevez, que já estava cansado. Com sangue novo, não demorou para a Argentina definir a vitória. Em lance de velocidade, Aguero e Messi puxaram o contra-ataque e o atacante do Barcelona apareceu bem pela esquerda, chutou forte, mas o goleiro defendeu. No rebote, outra chance para Messi, mas a bola caprichosamente bateu na trave e sobrou para Higuain, em posição duvidosa, fazer o terceiro gol e matar o jogo. A Coréia do Sul, ainda tonta com o gol, foi com tudo para tentar diminuir e acabou pagando preço. Depois de outro rápido contra-ataque, Messi fez um passe de Maradona para Aguero, que fez um cruzamento de primeira (muito bonito) para Higuain completar de cabeça e fazer um golaço, definindo a goleada por 4x1. Matematicamente, a Argentina ainda não se garantiu, mas virtualmente já está classificada. Só uma tragédia muito grande, uma goleada sofrida para os gregos e uma vitória de goleada da Coréia do Sul sobre a Nigéria, tiraria a vaga da Argentina nesse momento. Os tigres asiáticos, por outro lado, precisam vencer os nigerianos e torcer para que a Argentina, no mínimo, empate com a Grécia.
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