África do Sul 0x3 Uruguai
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Depois de muitos anos, a “celeste olímpica” voltou a aparecer com destaque em uma Copa do Mundo. Desde 1970, quando disputou a semifinal contra o Brasil, a seleção uruguaia não conseguiu mais nenhum resultado expressivo. Claro que a vitória por 3x0 contra a anfitriã deixa os sul-americanos muito motivados, mas a equipe ainda tem um longo caminho a percorrer para voltar a fazer história na maior competição de futebol do mundo. Enfim, o técnico Oscar Tabarez mudou o time para o confronto de hoje. No jogo contra os franceses, Ignacio Gonzales foi a aposta na armação das jogadas, mas não foi bem sucedido. Em seu lugar, entrou o jovem Lodeiro, que acabou expulso. O esquema utilizado foi o 3-5-2, com Victorino jogando ao lado de Godin e Lugano na defesa. A imprensa em geral criticou a falta de criatividade do meio de campo uruguaio. Por isso, o treinador mudou tudo e colocou a celeste no 4-4-2. Saiu Victorino para a entrada de Fucile pelo lado esquerdo, enquanto que Maxi Pereira deixou de ser um ala para se tornar um clássico lateral direito. Godin e Lugano fizeram uma bela dupla de zaga, impedindo que os “bafana bafana” construíssem jogadas de ataque. O meio de campo, ponto tão criticado na partida anterior, foi muito bem conduzido por dois volantes clássicos (Diego Perez e Arevalo Rios) e por Álvaro Pereira, que jogou na meia esquerda e se deu bem nesse setor. Faltou então aquele maestro que deveria conduzir a bola, deixar os atacantes em situação de gol. Sem opções, inteligentemente Tabarez recuou Forlan para liderar o time. Foi uma atuação fantástica do ídolo uruguaio que, enfim, mostrou seu futebol em uma Copa do Mundo. Com Forlan na criação, Suarez também cresceu e caiu muito bem pelas pontas, fazendo com que os zagueiros sul-africanos ficassem perdidos. Suarez, com sua movimentação, criou chances, chutou várias vezes para o gol e foi um dos grandes nomes da partida. Cavani ficou centralizado, mas não conseguiu jogar no mesmo nível dos companheiros, por motivos óbvios.
Um Uruguai solto, diferentemente do que a gente se acostumou a ver nos últimos anos. Assim os sul-americanos jogaram e não deixaram a África do Sul jogar. A vitória ganha contornos épicos por enfrentar um estádio lotado de sul-africanos, em dia de feriado nacional por conta do massacre de estudantes em Soweto, em 1976. Foi definido, a partir do governo de Nelson Mandela, que o dia 16.06 seria em homenagem aos mortos nessa chacina. O nacionalismo, portanto, estava à flor da pele. Os “bafana bafana”, porém, são fracos tecnicamente e nenhuma raça seria capaz de superar um Uruguai preparado para vencer e convencer. Forlan fez passes precisos, chamou o jogo para si, sem querer fazer comparações me lembrou Hagi de 94. Até o gol, de fora da área, aos 34 do primeiro tempo, me fez lembrar aquele golaço do Hagi contra a Colômbia. Forlan, um líder, pegava a bola e tocava para Suarez. Nos jogos anteriores, os dois ficavam presos lá na frente e a bola quase não chegava. Hoje, Luis Suarez e Diego Forlan fizeram tabelas no meio de campo, correram, driblaram, deram assistências, massacraram o adversário. O segundo gol só saiu na reta final do jogo. Suarez, como sempre, ficou mano a mano com Khumalo, se livrou do zagueiro de forma sensacional e chutou para forte para defesa de Khune. No rebote, Perez se enrolou com a bola, que sobrou para Forlan, que enxergou Suarez e disparou um chute rasteiro em direção ao atacante do Ajax. Cavani ainda encostou na bola e Suarez, em posição duvidosa, recebeu e ao tentar driblar o goleirão, sofreu pênalti. Khune foi expulso e Parreira se viu obrigado a tirar o destaque do time, Pienaar, para a entrada de Josephs. Forlan, com muita classe, fez um golaço na cobrança de pênalti, mandando no ângulo. Em contra-ataque rápido, Forlan viu Luis Suarez livre e fez uma assistência precisa para o jogador do Ajax, que fez um cruzamento certeiro para Álvaro Pereira completar a goleada, nos acréscimos. Suarez, um guerreiro dentro de campo, levou pancada o tempo todo, até saiu sangrando em determinado momento. Os “bafana” reclamam que ele estava impedido na hora que sofreu o pênalti, mas ninguém parece querer se lembrar de que ele foi derrubado por Khumalo bem antes desse lance, dentro da área. O Uruguai tem camisa e vem aí. Na rodada que vem, luta pela liderança do grupo, talvez precisando de vitória simples contra o México e, dependendo da situação, até de um empate para ficar em primeiro e ter pela frente Coréia do Sul, Nigéria ou Grécia, já que a Argentina deve liderar a outra chave. A África do Sul, de quem falei pouco, não merece comentários após a partida de hoje. Na última rodada, os sul-africanos precisariam de um verdadeiro milagre para se classificar, começando por um resultado elástico contra a poderosa França. Com esse jogão, a Copa ganhou forma. Ainda bem!
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