Suíça 1x0 Espanha; Chile 1x0 Honduras.

Espanha 0x1 Suíça



A Espanha é, sem dúvida, uma das grandes favoritas ao título mundial. Por isso, a derrota para a Suíça, pelo placar de 1x0, assustou os fãs de futebol. É verdade que todos sabem da força defensiva da Suíça, que já foi conhecida como o “ferrolho suíço”. Em 2006, por exemplo, os suíços foram eliminados do Mundial sem sofrer nenhum golzinho. Em 2010, confesso que não tinha a expectativa de ver a defesa suíça se sobressair, principalmente no confronto contra a forte seleção espanhola. Mas o esquema de Ottmar Hitzfeld beirou a perfeição e a Suíça anulou as principais peças da “fúria”. Nos ataques dos ibéricos, por exemplo, era comum ver oito ou nove jogadores suíços dentro da área, marcando os atacantes adversários. Esse resultado, diga-se de passagem, é histórico, mesmo porque a Espanha nunca havia perdido uma partida oficial para a Suíça até esse dia 15.06.2010. O resultado, logo na estreia de uma Copa do Mundo, onde a Espanha é favorita, será lembrado para sempre na Suíça.
Não gosto do esquema de Vicente Del Bosque, que coloca a Espanha no 4-2-3-1. Acho que ele precisa colocar Villa e Torres no ataque, como aconteceu na reta final do jogo. A Suíça, armada no 4-4-2, com duas linhas de quatro. A obediência tática desse time é incrível e, dessa forma, a Espanha teve dificuldades em demasia para achar oportunidades de gol. No primeiro tempo, um 0x0 sem grandes emoções. Na etapa final, a Espanha voltou em cima, tentando pressionar o oponente. Entrar com a bola na área da Suíça, no entanto, era tarefa quase impossível. Chutes de fora da área e cruzamentos, portanto, se tornaram a tônica do rico futebol espanhol, mas que ficou pobre perto da marcação do adversário. Em um contra-ataque, quando ninguém lembrava que a Suíça também poderia atacar, a Suíça achou seu gol, com Gelson Fernandes. Depois do gol, sobretudo pela entrada de Fernando Torres, a Espanha passou a ser mais incisiva em suas jogadas de ataque. Iniesta, Torres e Xabi Alonso criaram boas oportunidades, sendo que o último disparou uma bomba no travessão. A seleção Suíça aproveitava os contra-ataques e quase ampliou o marcador. Derdiyok, que fez a jogada do primeiro gol, fez lindo lance dentro da área, driblou os zagueiros e tocou bem, mas a bola caprichosamente tocou na trave de Casillas. No fim, com a entrada de Jesus Navas, a Espanha conseguiu boas jogadas, mas não marcou o gol de empate. Placar de 1x0 para os suíços, que têm tradição em Copas do Mundo. Nas últimas duas edições que disputou, em 1994 e 2006, eles passaram da primeira fase. Para a Espanha, por outro lado, passar de fase não basta. Apesar da derrota, a fúria ainda tem condições de superar hondurenhos e chilenos, que não conseguem armar um ferrolho tão eficiente como o feito pelos suíços.Essa é a esperança do time do técnico Vicente Del Bosque.

Honduras 0x1 Chile



O Chile mostrou um futebol ofensivo e o placar de 1x0 acabou não retratando a superioridade dos sul-americanos na partida de hoje. “El Loco” Bielsa, sem poder contar com o artilheiro Humberto Suazo, armou o time com Alexis Sanchez e Bousejour mais abertos. O time, dessa forma, ganhou movimentação pelas pontas. Gostei muito da atuação de Sanchez, que fez uma boa dobradinha com Mauricio Isla pela direita. Esse setor do campo foi muito usado durante o jogo. A habilidade e a velocidade de Sanchez encantou quem acompanhou a partida de hoje. O Chile, enfim, criou chances do início ao final do jogo. Quem comandava o meio de campo era Valdívia e Mathias Fernandez, esse sempre assustando em cobranças de falta. O gol não demorou sair e a jogada aconteceu pelo lado direito, quando Sanchez encontrou Isla que cruzou bem e Bousejour dividiu com o zagueiro e marcou o gol da vitória, aos 34 do primeiro tempo. Na etapa final, O Chile continuou dominando o jogo e era muito difícil ver a seleção hondurenha no campo de ataque. Alexis Sanchez em ótima jogada individual e Waldo Ponce, aproveitando bola levantada na área, perderam gols incríveis. No lance do Ponce, inclusive, vale destacar que o goleiro Noel Valadares fez uma defesa espetacular. Sem David Suazo, que está machucado, Honduras ficou praticamente sem referência no ataque, já que o veterano Carlos Pavon caminha em campo. Wilson Palacios, esse sim, buscou o jogo, marcou bem, mas é o único de melhor qualidade, já que ao seu lado joga outro medalhão em fim de carreira: Amado Guevara. Desse jeito, Honduras será o saco de pancadas do grupo. Na rodada da Segunda, Chile e Suíça fazem uma verdadeira decisão, afinal as equipes têm três pontos e uma vitória poderá valer a classificação para uma ou outra. Honduras, por outro lado, dificilmente aguenta a Espanha, que tem tudo para apagar a má impressão deixada na partida de hoje.

Primeira rodada

Terminou a primeira rodada da Copa do Mundo. Infelizmente, para quem gosta de um futebol bem jogado, as defesas se sobressairam sobre os ataques. Equipes fracas fizeram aquilo que tem que fazer: se defender. A Dinamarca, por exemplo, sabia que encarar a Holanda de igual para igual seria suicídio. Se defendeu (e muito bem) e só perdeu o jogo por falha do seu sistema defensivo. A Suíça e a Nova Zelândia montaram verdadeiros ferrolhos e, mesmo pressionadas, saíram com resultados espetaculares. Claro que os suíços são muito mais fortes que os representantes da Oceania e seu sistema defensivo é um dos mais eficientes do futebol mundial, mesmo com jogadores sem tanta qualidade técnica como Senderos, Grichting e companhia. Já a Coréia do Norte, a cada ataque do Brasil, ficava toda atrás da linha da bola e a derrota por 2x1 é digna de orgulho para eles. Enfim, essas são algumas das seleções defensivas dessa Copa do Mundo. Em números, olha como essa Copa não é mesmo dos artilheiros. Segue o número de gols da primeira rodada das edições do Mundial desde 1990. Compare:

Copa 1990- 24 seleções- 12 jogos: 27 gols
Copa 1994- 24 seleções- 12 jogos: 30 gols
Copa 1998- 32 seleções- 16 jogos: 37 gols
Copa 2002- 32 seleções- 16 jogos: 46 gols
Copa 2006- 32 seleções- 16 jogos: 39 gols
Copa 2010- 32 seleções- 16 jogos: 25 gols

Enfim, dentre as 32 seleções que estrearam, certamente Argentina e Alemanha conseguiram fazer fluir suas jogadas de ataque, mas pegaram duas seleções que não têm as melhores defesas. A Nigéria jogou de igual para igual com os hermanos e a Austrália tem uma zaga pesada e envelhecida. O Chile pode ser considerado como outro time que jogou para cima, mas também enfrentou uma das defesas mais horrorosas do Mundial. O Brasil é caso único, pois pegou uma seleção muito fraca (que perdeu por 3x1 para a Nigéria há alguns dias). Ou seja, não dá para comparar o ferrolho encontrado pelo Brasil, com o encontrado por Holanda e Espanha, que pegaram Dinamarca e Suíça, respectivamente. Essas duas escolas europeias têm o costume de jogar contra times como Espanha, França, Holanda, Inglaterra e companhia. Os dinamarques, para se ter uma ideia, ficaram em primeiro em um grupo que ainda tinha Portugal e Suécia. A Suíça, por outro lado, conseguiu classificação para as últimas duas edições de Eurocopa e também para as duas Copas (2006 e 2010). A Inglaterra, seguindo essa tendência, pegou um time forte, afinal os EUA foram vice-campeões da última Copa das Confederações. Portugal, para quem acha que é um forte candidato, enfrentou a forte Costa do Marfim, que tem grandes jogadores do futebol europeu e que é dirigida pelo retranqueiro Sven-Goran Erikson. A França pegou o Uruguai, que é uma seleção que tem uma retranca que conhecemos bem. Claro que nada disso justifica que essas seleções tenham feito partidas ruins na primeira rodada, mas serve para alertar que a primeira rodada mostra que o futebol defensivo, infelizmente, pode ser a tônica dessa Copa. Esperamos que isso mude a partir de 15h30, quando começa a segunda rodada com o confronto entre África do Sul x Uruguai.