Inglaterra 1x0 Eslovênia; EUA 1x0 Argélia; Alemanha 1x0 Gana; Sérvia 1x2 Austrália.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Inglaterra 1x0 Eslovênia
Não foi uma atuação de gala, mas o “English Team” espantou a zebra e conseguiu a classificação para a próxima fase da Copa. Antes do Mundial, todos acreditavam que os ingleses conseguiriam 100% de aproveitamento em um grupo, teoricamente, tranquilo. Mas não foi isso o que se viu e a Inglaterra, com muitas dificuldades, saiu da primeira fase com dois empates e uma vitória simples, resultados que deixaram a equipe atrás dos EUA pelo número de gols marcados, já que os ianques também terminaram com cinco pontos. Na próxima fase, a Inglaterra terá pela frente a Alemanha, em um clássico sem favoritos.
Quanto ao jogo, Fábio Capello mexeu muito na Inglaterra e promoveu as entradas de Upson, Milner e Defoe nos lugares de Carragher, Lennon e Heskey, respectivamente. Lampard e Barry jogaram mais recuados, enquanto que Gerrard e Milner ficaram mais abertos pelos flancos. A tática do treinador deu tão certo, que foi de Milner e o cruzamento para o gol de Defoe, ainda no primeiro tempo. Pela lado direito, Milner ainda criou outra chances, sendo que, em uma delas, Gerrard perdeu um “gol feito”. O goleiro Handanovic, que é bom em alguns fundamentos, mas em outros é amador, conseguiu salvar a Eslovênia em várias oportunidades. Rooney, por exemplo, ia encerrar seu jejum de gols, mas o goleirão foi com a pontinha dos dedos para desviar a bola, que acabou batendo na trave. A Eslovênia, por outro lado, provou que conseguiu surpreender nessa primeira fase mais por obra do acaso do que por qualidade técnica de seus jogadores. O time não tem capacidade para formar ferrolhos eficientes como consegue a Suíça ou a Grécia, por exemplo. Então faz um jogo morno, tenta ir pra cima do adversário, acredita que Birsa e Kirm (os jogadores de meio de campo) conseguirão criar jogadas para os atacantes, sobretudo para o grandalhão Novakovic, que nem apareceu nessa Copa. De qualquer forma, para um time sem nenhum jogador de destaque, a participação na Copa do Mundo, com 4 pontos e a classificação “quase” assegurada deve ser motivo de orgulho para qualquer esloveno que se preze. Afinal, para um time tão desacreditado, ser matematicamente eliminado somente quando se encerra o seu jogo e recebe a notícia de que os EUA acaba de abrir o placar, aos 45 do segundo tempo contra a Argélia, é algo, no mínimo, fantástico. Assim como a Grécia, a Eslovênia sai do Mundial apagando o fiasco da sua única participação em uma Copa, quando perdeu os três jogos. A Inglaterra, que não faz jogos brilhantes em Copas do Mundo há muitos anos, precisará fazer contra a Alemanha, afinal qualquer erro pode ser fatal.
EUA 1x0 Argélia
Quem assistiu Argélia x EUA não se arrependeu. Em um jogo cheio de lances de gol, as equipes alternaram momentos e não seria exagero dizer que um placar de 3x2 seria mais justo. No início, a seleção argelina assustou mais, inclusive mandou uma bola no travessão de Howard, através de Djebbour. Rabah Saadane manteve aquele bom e velho esquema da Copa Africana, um 4-2-3-1. Sem Meghni, que não jogou o Mundial por contusão, a já limitada seleção argelina perdeu sua criatividade. Matmour e Ziane, nem de longe, foram aqueles jogadores incisivos das eliminatórias e dos bons momentos da Argélia na Copa Africana. Vale ressaltar que o time é muito cheio de altos e baixos. Depois de tirar o Egito da Copa, em jogos memoráveis, a Argélia conseguiu perder de 3x0 para a fraca seleção de Maláui na CAN. Aí se recuperou, passou de fase, inclusive eliminou a boa seleção da Costa do Marfim nas quartas de final, mas acabou caindo na fase seguinte, tomando uma goleada de 4x0 para os egípcios. Nos amistosos, então, um desastre. Chegou o Mundial, perderam para a Eslovênia e quando ninguém esperava nada, a Argélia segura um empate com a Inglaterra, resultado que deixou os torcedores ingleses preocupados. No jogo de hoje, como eu já disse, jogaram de igual para igual, até dominaram os norte-americanos nos primeiros minutos. Os ianques, por outro lado, estavam tão chateados com o gol anulado contra a Eslovênia, que acharam que a anulação de um gol de Dempsey, em lance muito duvidoso, era perseguição da arbitragem. Os EUA, através de Donovan e de Dempsey, e da raça de M. Bradley e Edu, controlaram o meio de campo. As chances passaram a ser sucessivas, principalmente quando Altidore aparecia, mas sem muita qualidade para concluir, o jogador não conseguia balançar as redes. Dempsey, um dos principais destaques do time, bem que tentou, mandou bola na trave, acertou bons chutes, mas ou o goleiro pegava, ou a bola ia para fora. Na etapa final, os EUA partiram com tudo para cima. Criando chances atrás de chances, era previsível que o gol ia acabar saindo, apesar de que no futebol nunca se pode duvidar de nada, basta olhar Espanha x Suíça. Enfim, água mole e pedra dura, tanto bate até que Donovan aproveita rebote do goleiro e marca o gol da vitória, o gol da classificação, o gol do primeiro lugar de um grupo equilibrado, nos acréscimos da partida. Terminava, ao mesmo tempo, o jogo entre Eslovênia e Inglaterra, com os eslovenos “quase” comemorando a vaga inédita para as oitavas. Os norte-americanos deram um banho de água fria nas três seleções do grupo, afinal mandou Argélia e Eslovênia para casa e colocou a Inglaterra em um confronto contra a Alemanha. O caminho está livre para o time de Donovan e Dempsey, que tem uma chave com Gana (adversário das oitavas) e, se passar, enfrenta o vencedor de Uruguai e Coréia do Sul para ver quem vai para a semifinal. Ou seja, o sonho que, por alguns instantes pareceu impossível, pode virar realidade na Copa onde algum desacreditado estará entre os quatro melhores.
Alemanha 1x0 Gana
A Alemanha começou encantando, fez 4x0 na Austrália e muitos a taxaram como favorita ao título. Depois perdeu para a Sérvia e pelas oportunidades criadas, e também a expulsão de Klose ainda no primeiro tempo, quase todos acreditaram que era apenas um acidente de percurso. Hoje, contra Gana, os germânicos não conseguiram fazer fluir seu jogo veloz, foi a pior apresentação da Alemanha nesta Copa, apesar da vitória por 1x0. O responsável por isso: Milovan Rajevac. O sérvio, que treina Gana, conseguiu fazer com que as “estrelas negras” se tornassem um time burocrático. Na Costa do Marfim, Sven-Goran Eriksson tentou montar um ferrolho, mas até pelo pouco tempo de trabalho, não conseguiu tirar o melhor de seus jogadores. Em Gana, Rajevac já havia montado esse mesmo esquema, priorizando sempre a marcação, durante a Copa Africana. Todos os jogos de Gana eram muito chatos, e sempre vencendo por 1x0, a equipe chegou a decisão do torneio, quando perdeu por 1x0 para o Egito. Dessa vez, a mesma coisa. Tanto é que os placares foram: 1x0, 1x1 e 0x1. O time tem muita pegada no meio de campo, tenta jogar, mas a prioridade é não deixar o adversário conseguir fazer suas jogadas de ataque. Prince Boateng, o responsável pela lesão de Ballack, é um bom jogador, fiquem de olho nele. Joga como volante, marca muito bem e sabe sair para o jogo, apoia com bastante eficiência e se orgulha de substituir Essien. O problema é que Gana perde oportunidades demais, já havia perdido muitas contra a Austrália e, no jogo de hoje, perdeu algumas que poderiam ter sido fatais para a classificação final do grupo. Dedé Awey, que eu elogiei demais durante a CAN, é um jogador de talento, tem grande futuro. Pelo lado alemão, vale destacar que o time, nem de longe, lembrou aquele que venceu a Austrália. Özil não encontrou espaços para dar suas precisas assistências, mas acabou fazendo um golaço para compensar sua atuação apagada. Foi o gol do jogo, que valeu a classificação da Alemanha em um dos jogos mais fracos dessa terceira rodada. Gana, na próxima fase, enfrenta os EUA, enquanto que a Alemanha tem parada dura contra a Inglaterra.
Austrália 2x1 Sérvia
Que jogaço! Quando aconteceu o sorteio dos grupos, eu já imaginei que essa chave com Alemanha, Gana, Austrália e Sérvia seria uma das mais equilibradas. Os australianos evoluíram muito, tem jogadores experientes e passaram de fase no último mundial. A Alemanha dispensa apresentações, a Sérvia foi a sensação das eliminatórias e Gana conseguiu resultados fantásticos nos últimos anos, como em 2006, quando eliminou a República Tcheca da Copa do Mundo ainda na primeira fase. Bom, a Austrália tomou uma goleada na primeira rodada e a Sérvia perdeu para Gana. A maioria, então, achou que os “socceroos” eram o saco de pancadas do grupo e que a Sérvia não tinha nada a mostrar. Na segunda rodada, veio a surpresa. A seleção australiana fez um jogão contra Gana, abriu o placar e só caiu de rendimento devido a expulsão de Kewell, ainda no primeiro tempo. Mesmo assim, saiu de campo com o empate. A Sérvia, por outro lado, derrotou a Alemanha, sensação da Copa até então. No jogo de hoje, portanto, muita expectativa para um encontro entre times que ainda acreditavam na vaga, principalmente os sérvios. Na primeira etapa, sempre explorando o lado direito, com Krasic e Ivanovic, a seleção europeia criou boas chances para abrir o placar. O gol, porém, não aconteceu. Sabendo que a classificação era possível, ainda mais quando a Alemanha abriu o placar para cima de Gana, a Austrália passou a pressionar a partir dos 20 do segundo tempo. Até então, a Sérvia mantinha o controle do jogo, mas não encontrava facilidades para superar a defesa australiana, muito menos o goleiro Schwarzer. Quando Cahill abriu o placar, os “canguros” mostraram que saco de pancadas não se define por região ou tradição, só olhar a França. Holmann fez 2x0, pouco tempo depois. Para a Sérvia, somente o empate e, portanto, dois gols interessava. Para a Austrália, mais dois gols, fosse dela mesma ou da Alemanha contra Gana, afinal o saldo era bem negativo por culpa dos próprios germânicos. Mas a dívida alemã não foi paga, o jogo lá terminaria 1x0 mesmo. Em falha de Schwarzer, logo ele que tantas vezes salvou a pátria nos últimos anos, Pantelic descontou para a Sérvia. O jogo, depois disso, virou uma guerra de nervos, com os eslavos partindo com tudo para cima e dando espaços para os contra-ataques. Kenedy e Culina perderam chances incríveis para os australianos, enquanto que a Sérvia reclamou (e com razão) de uma mão de Cahill na bola, dentro da área. O árbitro não marcou o pênalti e os sérvios viram o sonho de fazer bonito na Copa, com uma geração tão brilhante, ir para o espaço. A Austrália, com uma geração experiente, fez bonito em dois Mundiais, mesmo sendo eliminada ainda na primeira fase dessa edição. Hoje em dia, certamente os canguros são respeitados no futebol mundial.
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