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Alemanha 0x1 Espanha.

quarta-feira, 7 de julho de 2010





Na Copa das ironias, a final será entre as duas potências do futebol mundial que ainda não levaram o título: Holanda e Espanha. Como URSS, Hungria e Tchecoslováquia fazem parte do passado, a Copa do Mundo ainda precisa premiar holandeses ou espanhóis, que se manteram no topo. Que pena que uma dessas seleções ficará com o gosto amargo de ser vice-campeã do mundo no próximo Domingo. A Laranja bateu na trave em duas oportunidades, em 1974 e 1978. O time atual, comandado por Sneijder e Robben, pode reparar um erro do passado, onde o carrossel acabou não conseguindo ter a frieza necessária para se manter na frente do placar em uma final de Copa. Já a Espanha, brilhantemente, montou uma geração fantástica, campeã da Eurocopa 2008 e que, pela primeira vez na história, coloca a “fúria” na final de um Mundial. Será, sem dúvidas, um jogo eterno, que ficará para sempre na memória dos fãs de futebol, até pelo clima que o cerca. Holanda e Espanha, ao contrário dos finalistas das últimas Copas, são sim as melhores seleções do mundo. Basta pegar os resultados obtidos por essas equipes nos últimos quatro anos. Nas minhas próximas postagens, falarei mais disso.
Antes de falar da finalista, precisamos destacar os méritos do time alemão. Foi uma Copa brilhante, apesar do insucesso diante dos espanhóis. Joachim Löw, inclusive, montou uma grande equipe, que manteve viva a tradição dos germânicos em grandes competições. Em 2008, chegou a final da Eurocopa com sua seleção, que acabaria derrotada por 1x0 para a Espanha. Dois anos depois, na Copa do Mundo, a história se repete, dessa vez na semifinal, contra os mesmos adversários, e derrota por 1x0. Com a contusão de Ballack, o treinador ousou ao não convocar jogadores mais rodados como Hitzperger e Frings. Colocou Khedira, recuou Schweinstenger, que fez uma excelente Copa, apesar de ter feito uma partida ruim nesta Quarta. Özil, Müller, Boateng, Badtsuber, Kroos, Marin e Neuer são alguns dos garotos que Löw convocou. Se o título não viesse, como não veio, pelo menos o treinador (e o povo alemão) teria a certeza que os jovens ganhariam experiência para a próxima Copa do Mundo, ao contrário do que fez Dunga. Nunca critiquei a Alemanha, apesar de sempre ter cravado que a Espanha era mais time e que passaria para a final, mesmo depois das surpreendentes goleadas dos germânicos contra Argentina e Inglaterra. A força dessa equipe está na velocidade dos pontas, nos contra-ataques mortais. A Alemanha, no entanto, foi anulada por Sérvia e Gana (com Müller em campo), que são equipes que apostaram na marcação e não se arriscaram tanto. Quem se arriscou, levou de quatro: Inglaterra, Austrália e Argentina. A Alemanha não ficou com o título, como eu já imaginava. Mas nada, absolutamente nada, apagará o futebol veloz desse time, que ainda tem uma disputa de terceiro lugar pela frente. Özil, Müller e Khedira, principalmente eles, são jovens de grande futuro no futebol. Klose, que ainda pode ser o maior artilheiro das Copas, é um atacante eficiente, por mais que não seja tão brilhante como alguns outros por aí. Enfim, a seleção alemã, ao contrário de Itália e Brasil, renova e continua participando muito bem das competições que disputa. Dentre as principais camisas, é a que mais tem boas perspectivas após o Mundial.
Eu assisti todos os jogos da Eurocopa 2008. A Espanha, naquela competição, aprendeu a ganhar. A teoria, que sempre apresentava uma boa equipe no papel, não se refletia na prática, quando a “fúria” era capaz de fazer 6x1 na Bulgária em uma Copa do Mundo, mas acabava caindo na primeira fase. Tem até algo em comum com a Holanda, que não ficava na primeira fase, mas também não ganhava o Mundial. A fúria, então, precisava de confiança. Depois de 100% de aproveitamento na primeira fase, quase que a história da atual seleção espanhola mudou seu curso. A Espanha, que para muitos “amarelava” na hora de decidir, fez um jogo muito ruim contra a Itália nas quartas de final da Euro. Depois de um 0x0 arrastado, a sorte passou para o lado espanhol, com vitória na disputa de pênaltis. Depois disso, o time ganhou a tal confiança e partiu para o título europeu sem nenhum susto. Mas tem aquele negócio. A Espanha precisava provar sua força na Copa do Mundo. Quando perdeu de 1x0 para a Suíça em sua primeira apresentação, alguns comentaristas começaram com a piada de que a Espanha não consegue nada em Copas. Na Euro, certamente, o nível dos piores adversários era melhor do que o de Honduras, adversária da segunda rodada. Entre os quatro melhores das últimas duas Copas, sete são seleções europeias, o que comprova o quanto uma Eurocopa é de um nível tão difícil como o de uma Copa do Mundo. A Suíça e o Chile são do mesmo nível, cada um com seu estilo de jogo. A Espanha não teve dificuldades, jogou com tranquilidade e passou em primeiro do grupo. Eliminou Portugal e Paraguai, em jogos difíceis. Contra os paraguaios, inclusive, a classificação esteve em risco. Não chegou, então, como favorita ao jogo contra a Alemanha, pela semifinal. Não era também na final da Euro 2008. Mas venceu e convenceu.
O que me encanta não é o que foi apresentado na Copa do Mundo, acho que a Espanha (assim como a Holanda) jogou o feijão com arroz, com o objetivo de ser campeã. Na campanha como um todo, inclusive nas eliminatórias, a fúria manteve a mesma característica: o toque de bola refinado. É admirável como esse time toca bem a bola, não muda seu jogo em nenhuma circunstância, sem se importar com o peso do adversário. Puyol e Piqué formam uma zaga segura, de muita raça. Podem chamá-los do que quiserem, mas essa dupla mostrou tanta disposição que dá até inveja nos adversários. Capdevilla, na minha opinião, é o ponto fraco pela lateral esquerda, sobe pouco e fica mais preso na marcação. Sérgio Ramos não é um grande jogador tecnicamente, mas é essencial para o esquema tático de Vicente Del Bosque, faz (e bem) sua função na lateral direita. Busquets e Xabi Alonso são os volantes, mas o segundo sai muito para o jogo, aparece sempre como elemento surpresa no ataque. Busquets é mais um cão de guarda da defesa, o bom e velho cabeça de área. Na frente deles, uma linha de três de causar inveja em qualquer seleção (ou time) do mundo, menos na Espanha e no Barcelona: Iniesta (esquerda), Xavi (centro) e Pedro (direita). E no ataque, simplesmente o oportunista e habilidoso David Villa, novo reforço do Barcelona. Torres, que se recupera de lesão, ainda não apareceu na Copa e, por isso, foi sacado. Pedro entrou em seu lugar, cumpriu o papel de ponta, tomou a iniciativa do jogo, mas quase teve seu dia de glória apagado por um lance no fim do jogo, quando a Alemanha pressionava em busca do empate. Foi em um contra-ataque rápido, Pedro puxou com a velocidade e habilidade de sempre, só com um zagueiro na marcação e Torres (totalmente livre) ao seu lado, mas ele tentou driblar o defensor e acabou desarmado. Enfim, um lance que mostra a imaturidade de um talentoso jogador que terá muito futuro com a camisa da Espanha. Quanto ao jogo, primeiro tempo com amplo domínio da fúria, mantendo a posse de bola em seu campo de ataque, tentando criar espaços, achar a melhor jogada para finalizar. A Alemanha, assim como fez em outros jogos, ficou na defesa, esperando para contra-atacar. O problema, para a Alemanha, é que a seleção espanhola tem qualidade na marcação. O jogo dos germânicos, então, não aconteceu. Sem Müller, entrou Trochowski, um jogador lento e sem nenhuma característica de ponta. Por isso, Özil abriu mais pela direita e Podolski pela esquerda, deixando o “Trocho” centralizado, com o Klose isolado na frente. Na etapa final, a Espanha veio para decidir o jogo e mostrou a eficiência característica do time da Eurocopa. Foram várias chances claras de gol, mas a Alemanha se fechava tão bem que era difícil passar por sua defesa. Quando Löw tirou o “Trocho” e colocou Kroos, o nationaleft cresceu. Kroos, inclusive, teve a chance de matar o jogo, quando a fúria era melhor, mas o goleiro Casillas fez uma defesa brilhante. Não falei dele ainda, afinal Casillas dispensa apresentações. Xavi e Iniesta, da mesma forma. Que partida fantástica fizeram esses jogadores. Xavi é o motor desse time, Iniesta é um ponta inteligente, habilidoso... Enfim, a Espanha, apesar de tantos talentos, conseguiu o gol em cobrança de escanteio. Xavi, diga-se de passagem, bateu muito bem, em uma jogada que parece ter sido ensaiada, cruzou para trás, justamente para a chegada de Puyol, que mandou para as redes. Espanha 1x0 Alemanha. O placar é histórico para o futebol espanhol, como eu já disse e não canso de repetir. Dá-lhe Fúria, Dá-lhe Orange. Nem Cristiano Ronaldo, Messi, Kaká ou Rooney. A Copa de 2010 não vai premiar um jogador, mas sim um coletivo vitorioso. De um lado, Sneijder, Robben e Van Persie, do outro Iniesta, Xavi e Villa. Tudo pode acontecer. Domingo é o capítulo final de mais uma emocionante Copa do Mundo, a melhor que eu já assisti desde 1994.

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