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Copa de 2010!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Acabou a Disneylândia para os fãs de futebol. A vida volta ao normal, depois de 1 mês com 64 jogos e 145 gols no Mundial da África do Sul. Acordar pela manhã e assistir a um jogo da Argentina, Holanda ou Alemanha, almoçar vendo Inglaterra, Portugal ou Espanha e até mesmo curtir no meio da tarde um jogo que tenha a França, o Brasil, o Uruguai ou a Itália. Isso é Copa do Mundo. Uma verdadeira overdose de grandes jogos, craques, torcidas apaixonadas... Não é por acaso que chama tanto a atenção do mundo inteiro. Infelizmente, só é possível realizá-la de quatro em quatro anos. Mas há quem defenda a tese de que se a Copa fosse feita a cada dois anos, não teria a mesma graça. É justamente essa saudade, essa ansiedade para chegar 2014 (o que é o caso a partir de agora) que a faz tão atraente. Além disso, nesse meio período, tem outras competições de grande envergadura como a Eurocopa e as Olimpíadas (o maior evento esportivo do mundo).
O novo século começou com duas Copas, uma imprevísivel e cheia de surpresas (2002) e outra muito previsível, o que a tornou chata (2006). A Copa do Mundo de 2010, apesar de um número menor de gols do que as duas últimas, trouxe o equilíbrio de volta. Foi a Copa mais legal dos últimos anos, com muitos jogos emocionantes, sobretudo nas fases de mata-mata. Qualquer um ficou preocupado após o encerramento da primeira rodada, afinal foram 25 gols em 16 jogos, a pior média de uma rodada inaugural de Copa do Mundo. Ainda bem que os gols começaram a acontecer com mais frequência e o Mundial desse ano não ficou marcado como o de menor média de gols, deixando a incômoda posição para a Copa de 1990 que, para muitos, é a pior de todos os tempos.
Essa Copa rompeu com os paradigmas, quebrou tabus que alguns acreditavam ser a regra do jogo, como se futebol fosse um esporte totalmente previsível. Antes do Mundial, muitos falavam que a Copa sempre iria ter Itália, Alemanha, Argentina ou Brasil na final. Desde 1930 é assim. Mas a regra mudou, Espanha e Holanda decidiram o título de 2010, que seria inédito para a seleção vencedora desse confronto. A Espanha, condenada a amarelar sempre, foi campeã do mundo. E ganhou o título da forma mais irônica possível. Nunca o campeão do mundo perdeu em seu primeiro jogo na Copa. Portanto, a Espanha, após perder para a Suíça por 1x0, já não seria mais a campeã, certo? Muitos taxaram que sim, esqueceram a difícil conquista da Eurocopa e voltaram a rotular a fúria de amarelona, sendo que a derrota no primeiro jogo poderia não fazer diferença na campanha. A Espanha, então, ressurgiu das cinzas, passou de fase e venceu todos os jogos do mata-mata pelo placar de 1x0, inclusive a final, que só foi decidida na prorrogação. A Itália, com um futebol defensivo, ganhou a Copa de 2006 marcando 12 gols. A fúria, que encantou todo mundo pelo toque de bola, só marcou 8, o pior ataque de uma seleção campeã na história das Copas. E logo a Espanha, que encantou na Euro 2008 e nas eliminatórias por ser uma seleção super ofensiva. Ironias dessa Copa.
De tantas coincidências, o gol de Lampard contra a Alemanha, quando a Inglaterra perdia por 2x1, parece ser a mais emblemática. Em 1966, os ingleses venceram os alemães, na final da Copa, em um lance muito parecido, quando a bola suspostamente não atravessou a linha, mas o juíz deu gol para a Inglaterra. Na oportunidade, era prorrogação e o jogo ainda estava empatado. Dessa vez, a Alemanha abriu 2x0 com certa facilidade, mas o “English Team”, de atuações apagadas na primeira fase, achou o primeiro gol e foi em busca do empate, ainda no primeiro tempo. Lampard, então, manda a bola por cobertura, a bola atravessa (e muito) a linha, mas a arbitragem ignora o gol dos ingleses, que perdem a partida por 4x1. A Alemanha, sempre rotulada como uma equipe que joga feio, foi a que mais encantou na África do Sul, goleou Inglaterra (4x1), Austrália e Argentina (4x0 em ambas). Contra os hermanos, inclusive, o resultado foi muito surpreedente, afinal o time de Maradona era uma das sensações do torneio. Uma final antecipada, para muitos. Com jovens muito talentosos, destacando-se um que é xará do ídolo Gerd Müller, a Alemanha fez muito bonito. Mas perdeu na semifinal para a Espanha, uma seleção que, até então, se arrastava na Copa e não havia encantado ninguém. Logo a Espanha que já foi tão prejudicada por erros grosseiros de arbitragem ao longo das Copas do Mundo, usou do apito amigo no jogo contra o Paraguai para passar de fase. E pela atuação dos paraguaios naquele jogo, não seria exagero se os espanhóis ficassem pelo caminho. Mas não ficaram e foram campeões. Agora com merecimento, mas até às quartas de final, a equipe de Vicent del Bosque não seria páreo para a Alemanha, segundo os “especialistas”.
Todos sabem o final dessa história. A Holanda perdeu, inclusive uma invencibilidade de quase dois anos. Se considerarmos a derrota na prorrogação, como uma “derrota de fato”, a Laranja perdeu ali sua invencibilidade nesse Mundial, deixando a marca de única invicta para a NOVA ZELÂNDIA. É verdade! A pior seleção (ao lado da Coréia do Norte) foi a única que não perdeu. Quanta coisa estranha! Pelo menos, os norte-coreanos perderam tudo e ficaram em último lugar, contabilizando 1 gol marcado e 12 sofridos. França e Itália, consideradas bem melhores, fizeram de tudo para ficarem nas últimas posições da Copa. As duas finalistas da última Copa, incrivelmente, não passaram da primeira fase, não venceram nenhum jogo e precisarão de muita coisa para mudar esse quadro tão negativo. Foi a primeira vez que as duas finalistas da Copa anterior não conseguiram seguir adiante na edição seguinte. Nesse mesmo balaio, podemos juntar Inglaterra e Portugal, que conseguiram boas campanhas há quatro anos, mas fizeram feio em 2010. Nessa Copa, uma seleção anfitriã ficou na primeira fase pela primeira vez. A África do Sul até que começou bem, só não venceu o México por falta de sorte. Mas o desastre diante do Uruguai, de Diego Forlan, derrubou a equipe de Parreira. Do continente, somente Gana, como já havia acontecido em 2006, conseguiu passar da primeira fase. As estrelas negras, porém, foram mais longe ainda, chegando às quartas de final e perdendo para o Uruguai em um jogo muito dramático, onde Suarez salvou com a mão um gol certo dos ganeses nos acréscimos do segundo tempo da prorrogação. Jogador uruguai expulso, pênalti marcado, mas Gyan perde e sua seleção cai na disputa por pênaltis. Gana, portanto, não consegue superar as campanhas de Camarões (em 1990) e Senegal (em 2002) que caíram nessa mesma fase, sempre travando jogos difíceis contra os adversários. O Uruguai, que passou a ser visto apenas como um dos sul-americanos de segundo nível, voltou com tudo e mostrou que a camisa celeste ainda tem muito peso. Diego Forlan, eleito o craque da Copa, jogou como meia, carregou o time nas costas e, por muito pouco, sua seleção não disputou a final. Depois de 40 anos, o Uruguai chegou entre os quatro. Enfim, as ironias são muitas, não teria como descrevê-las todas aqui. Por um momento, a América do Sul, pela primeira vez, teve mais representantes que a Europa na fase quartas de final: quatro contra três. O problema é que os três europeus seguiram, ficaram na primeira (Espanha), segunda (Holanda) e terceira (Alemanha) colocação, enquanto que Uruguai, Brasil, Argentina e Paraguai ficaram pelo caminho. A Europa dominou a fase semifinal em 2006, com quatro representantes, e em 2010, com três. Levou, pela primeira vez, um título fora de seu continente e, como consequência, ultrapassou a América em número de conquistas: dez contra nove. A Copa de 2014 é na América do Sul, no Brasil, e somente aqui que saberemos se a geografia do futebol está se tornando eurocêntrica ou se o equilíbrio voltará.

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