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Espanha e Holanda brigam pelos direitos do mar.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Está chegando o momento tão esperado pelos fãs de futebol: a final da Copa do Mundo. Desde 1930, já foram realizadas 18 finais do maior campeonato de futebol do planeta. Algumas foram surpreendentes, como a vitória do Uruguai sobre o Brasil em pleno Maracanã em 1950, da Alemanha Ocidental sobre Hungria e Holanda, em 1954 e 1974, respectivamente. Para a Espanha, uma final inédita, nunca a fúria havia conseguido o direito de disputar uma decisão de Copa. A Holanda, por outro lado, já jogou a final em duas oportunidades, mas sempre perdeu para o país anfitrião, a Alemanha Ocidental (1974) e a Argentina (1978). Na minha opinião, entre as principais seleções, Holanda e Espanha são as únicas que não venceram um Mundial e, por isso, o jogo de Domingo marcará a história do país vencedor no âmbito esportivo.
É difícil falar em favoritismo. A Laranja não perde faz quase dois anos, venceu todos os jogos das eliminatórias, todos os jogos dessa Copa, mas não encantou como em 1974. Deixou de jogar sem responsabilidade, é um time que aprendeu a valorizar a posse de bola, ter calma, trocar passes e até a devolver a bola para o goleiro quando necessário. Espera surgir os espaços, não enfeita tanto como em outras épocas e, dessa forma, quando ataca é letal. Tem a personalidade de um time que quer ser campeão do mundo, a frieza necessária para não se abater quando o jogo não é favorável, o que irrita os adversários mais tensos. Quando não pode jogar, tenta não deixar o adversário jogar, colocando-o na roda, com uma paciência digna dos velhos tempos da Alemanha. Sneijder é o cérebro, o motor, é de seus pés que surgem as principais jogadas. Exceto pelo lado de Robben, que tem suas jogadas características e mortais para o time adversário, o ataque da Holanda não atua na vertical. Kuyt volta muito para marcar, chamam ele de ponta, mas ele é quase um ala, que sempre cai pela esquerda (ou pela direita quando troca o posicionamento com Robben) e tenta encontrar os companheiros em condições de fazer o gol. Sem um Van Nilsterooy centralizado na área e com Huntelaar sendo rejeitado pela maioria, o técnico Bert Van Marwijk encontrou a saída ideal ao centralizar o ponta Van Persie. Mas se engana quem acredita que ele é um atacante fixo, como era Luís Fabiano para o Brasil. Persie se movimenta, está sempre caindo pelas pontas e, sobretudo, fazendo o pivô para Wesley Sneijder, o meia que sempre chega para concluir as jogadas. A conclusão é que Kuyt e Van Persie são fundamentais para o esquema tático holandês, buscando puxar a marcação e devolver para quem aparecer em condições de fazer o gol, como sempre ocorre com Sneijder.
Wesley Sneijder, não por acaso, é o artilheiro da Laranja na Copa de 2010, podendo até ser o artilheiro isolado do Mundial, candidato por unanimidade ao título de melhor jogador do mundo, caso a seleção holandesa conquiste a Copa. Sua visão de jogo é fantástica e ele passa a bola como poucos. Nos jogos contra Camarões e Eslováquia, fez lançamentos espetaculares para Robben, em lances que se transformaram em gols. Esses lançamentos não são comuns. São com a maestria de um jogador espetacular, que ainda tem 26 anos e pode se tornar um dos maiores jogadores da história das Copas. Não estou exagerando, caso Sneijder mantenha seu brilhantismo na final e a Holanda leve a taça, ele estará nos almanaques daqui uns 100 anos. Bola parada é com ele mesmo. Nessa Copa, Sneijder, de 1,70m, fez gol de cabeça e chegou até a contar com a sorte de um craque, ao lançar uma bola para a área e ver a falha de seu companheiro de Internazionale, o goleiro Júlio César. Wesley está sempre bem posicionado, quase todos os gols da Holanda nesse Mundial passaram por seus pés. Para um meia, estar sempre no lugar certo e na hora certa, pronto para decidir um jogo, é algo louvável. Ele pede a bola, quer participar do jogo a todo momento, decidir a favor da sua seleção. E, por incrível que pareça, não é fominha. Sneijder parece ter tanta confiança no que está fazendo que o time inteiro procura ele. Quantas vezes, nessa Copa, Van Persie não fez o pivô e devolveu a bola para Sneijder? Ou então o Kuyt deu a assistência? Todos sabem onde Sneijder vai estar, afinal o meia da Internazionale parece ocupar todos os setores do campo ao mesmo tempo. Além dele, tem o Robben, um jogador veloz, habilidoso e fantástico. Injustamente, alguns brasileiros afirmam que ele só tem uma jogada. Mesmo se fosse só uma (o que não é o caso), ela é tão mortal, que o mundo inteiro a conhece, e não consegue pará-lo. Mas o repertório de Robben é ainda maior, quando ele cai pela ponta, inferniza a vida dos adversários e dificilmente é parado sem que seja feita a falta. No jogo contra o Uruguai, o segundo gol começou em linda jogada individual de Robben que puxou a marcação de uns três defensores, encontrou Van der Vaart que passou para Van Persie, que tentou tocar para Kuyt, mas Sneijder chamou a responsabilidade para si e marcou o gol. Essa Holanda pode não ser reconhecida agora, mas daqui uns 20 anos muitos falarão da Laranja Mecânica, versão 2010. Um time inteligente, que cadencia o jogo e que pode até ser campeão do mundo no próximo Domingo.
A Espanha, por outro lado, está pronta. Desde 2006, quando caiu diante da França nas oitavas de final, a fúria mudou o seu conceito. A geração atual, é verdade, ainda estava verde há quatro anos, assim como também estava a geração da Holanda. A diferença entre elas é que a fúria aprendeu a conquistar um título na Eurocopa de 2008. Mudou de patamar, indiscutivelmente. Enquanto a Holanda, de eliminatórias brilhantes, era uma incógnita, justamente por ser capaz de perder para a Rússia no mata-mata de uma Eurocopa, a Espanha chegou ao Mundial como favorita ao título. Nunca me prendi no conceito de que a Espanha não faz bonito em Copas. Acho isso uma grande besteira. A fúria não conseguiria superar Alemanha, Itália, Suécia e Rússia numa Eurocopa e, só por ser Copa do Mundo, perderia para Paraguai, Honduras ou Suíça. Eu acredito que tudo é momento, derrotas são comuns, mas não pelo fato de amarelar só por estar disputando uma Copa. Ou amarela em tudo, ou não amarela em nada, afinal os níveis dessas competições são parecidos. Basta pegar os quatro primeiros das Copas de 2002 e 2006 e ver quantos europeus participaram, formando uma Eurocopa dentro da Copa do Mundo. Enfim, a base dessa seleção é realmente fantástica e vitoriosa. Muita coisa que falei do Sneijder serve para o Xavi, que é quem controla o meio de campo nas partidas da seleção espanhola. Controla mesmo! Um verdadeiro líder, Xavi dita o ritmo do jogo. Iniesta, mais aberto, me lembra o Robben, apesar das características dos jogadores serem totalmente diferentes. Me lembra, talvez, por ser o segundo mais importante do time, assim como o Robben é na Holanda. Se bem que na Espanha ainda tem o Villa, o Puyol, o Casillas, o Xabi Alonso e até o Torres, que não faz uma boa Copa do Mundo. Iniesta é inteligente, um jogador clássico, que sabe exatamente o que vai fazer com a bola. Não tem a velocidade do Robben, mas tem a habilidade e percepção necessária para colocar seus companheiros em condições de fazer o gol. Pedro, que entrou na ponta direita, é um garoto de muito futuro, mas precisam ensiná-lo a ser menos fominha. O Torres, eu compararia com o Van Persie, apesar dos estilos também serem bem diferentes. Os dois, vale lembrar, voltam de contusão. O Van Persie jogou pouco na temporada, o Torres fez uma cirurgia no joelho. Mesmo assim tem um valor imenso para essas torcidas. O Villa, esse sim, é o um goleador, mas com muitos recursos técnicos. Quando joga como ponta, é um terror para as defesas adversárias. Villa não consegue ficar centralizado, sempre está voltando para ajudar os companheiros. Por outro lado, a Holanda tem um atacante disfarçado de meia: Wesley Sneijder. Será um grande jogo. A defesa da Espanha, apesar de não ser a melhor do mundo, é superior a defesa holandesa, mas isso não será o fiel da balança nesse jogo. Capdevilla, Puyol, Piqué e Sergio Ramos, de fato, não vão fazer muito mais bonito contra os atacantes da Holanda do que Van Bronckhorst, Mathijsen, Heitinga e Van der Wiel contra os da Espanha. O ataque vai se sobressair, isso é fato. Espanha e Holanda brigam pelos direitos do mar, como diria Leila Diniz. Que vença o bom futebol, sobretudo.

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