O Blog Grandes Seleções pretende divulgar o futebol de seleções pelo mundo, em todas as épocas. Este é o espaço pra você relembrar aquela seleção que te encantou, que te fez raiva ou te encheu de alegria. Todas as informações das eliminatórias, amistosos internacionais e da Copa, você encontra aqui!

Iugoslávia

sábado, 23 de outubro de 2010

Iugoslávia, Copa de 1998. Já desconfigurada, somente com a participação de jogadores de Sérvia e Montenegro. De qualquer forma, uma boa seleção!

Hoje, quando acompanho o sucesso das seleções que faziam parte da ex-Iugoslávia, fico me perguntando: “Como seria, então, uma única seleção formada com craques da Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedônia?” Essa seleção existiu, e como Iugoslávia recebeu o apelido de “brasileiros do leste europeu”. Falar de Iugoslávia, sem citar história política, é praticamente impossível. Por isso, um pouco de história no blog das grandes seleções.
A primeira união entre os eslavos do sul aconteceu após a Primeira Guerra Mundial, quando foi fundado o Reino de Sérvios, Croatas e Eslovenos. Depois o Rei Alexandre I mudaria o nome para Reino da Iugoslávia. Anos se passaram, e com a Segunda Guerra, italianos e alemães invadiram a Iugoslávia, impondo o regime nazista e perseguindo várias etnias da região. Então, o primeiro ministro Tito formou um bravo exército socialista, que heroicamente resistiu à invasão. Em 1953, Tito fundou a República Socialista Federativa da Iugoslávia, formada por seis repúblicas: Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro e Macedônia. Para resumir o sistema político-étnico da Iugoslávia de Tito, usava-se a seguinte frase: “Seis repúblicas, cinco etnias, quatro línguas, três religiões, dois alfabetos e um Partido”.
Com a morte de Tito, em 1980, começaria a surgir um forte sentimento de nacionalismo entre os grupos étnicos que compunham a Iugoslávia. Ao mesmo tempo em que o regime comunista se enfraquecia consideravelmente, culminando com o fim da URSS e também com a queda do muro do Berlim, na Iugoslávia ocorria os já esperados movimentos separatistas entre os eslavos do Sul. Croácia, Eslovênia e Macedônia declarariam independência em 1991. A Bósnia-Herzegovina tentaria tomar o mesmo caminho, mas o presidente iugoslavo Milosevic se recusava a aceitar. Por isso, ocorreria uma guerra civil sangrenta, após a Bósnia-Herzegovina conseguir sua independência em 1992. Nesse caos, sobraria da Iugoslávia, apenas as repúblicas de Sérvia e Montenegro. No ano de 2003, foi fundada a União de Sérvia e Montenegro, e em Junho de 2006, Montenegro e Sérvia, enfim, separaram-se e tornaram-se países independentes. A região de Kosovo, até hoje, tenta se separar da Sérvia.
Mapa da Iugoslávia, em 2000! Note que vários países já se tornaram independentes!

É importante saber um pouco da história da Iugoslávia, também para entender os motivos que fizeram essa grande seleção se dividir em seis partes, sendo que duas delas se garantiram na Copa de 2010: a Sérvia e a Eslovênia. E, além delas, nunca é demais lembrar que a Croácia, apesar de ausente da Copa de 2010, participou brilhantemente da Copa de 98, e é considerada uma força do futebol mundial.
Nosso passeio pela história da seleção iugoslava começa em 1930, na primeira Copa do Mundo, quando os eslavos eliminariam o Brasil, com vitória por 2x1. A Iugoslávia terminaria aquela competição em terceiro lugar, ao lado dos Eua. Em 1950, os europeus voltaram com tudo, disputando a Copa do Mundo no Brasil. Após golear Suíça e México, os iugoslavos precisavam apenas de um empate contra a seleção brasileira, no Maracanã, para prosseguir no Mundial, eliminando assim os anfitriões. Mas a seleção canarinho conseguiu se vingar da eliminação de 30, ao vencer por 2x0.
A partir de então, a Iugoslávia conseguiria grande destaque, tornando-se uma das seleções mais temidas do mundo. Após a Copa de 1950, disputou mais três mundiais seguidos: 1954, 1958 e 1962. A partir de 1960, os iugoslavos chegariam aos melhores resultados de sua história. Na primeira edição da Eurocopa, realizada em 60, os eslavos do sul foram vice-campeões, sendo derrotados pela URSS na decisão. Nas semifinais, conseguiram uma vitória espetacular por 5x4 contra a anfitriã França, de Winieski e Vincent, mas sem o seu grande nome da Copa de 1958: Justin Fontaine. O jogo estava 4x2 para os “le bleus” até os 30 minutos do segundo tempo, mas em um intervalo de 4 minutos, os iugoslavos viraram para 5x4. Na decisão, após Galic marcar o primeiro gol, a URSS empataria no segundo tempo e conseguiria a virada na prorrogação. Daquele time faziam parte, craques como Galic, Vidinic, Matus e Kostic.
No mesmo ano, a seleção iugoslava conseguiu a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Roma, ao derrotar a Dinamarca na Final. O ouro olímpico de 1960 aconteceu após três medalhas de prata em 1948, 1952 e 1956. Vale lembrar que a partir de 1952, as seleções que disputavam os jogos olímpicos eram amadoras, menos as seleções do leste europeu, já que, em teoria, os jogadores dos países socialistas não eram profissionais. Esse “amadorismo de fachada” permitiu aos iugoslavos mandarem sua seleção principal para as Olimpíadas, a partir de 1952, até 1980, quando a Fifa autorizaria a presença de profissionais que não tivessem disputado uma Copa do Mundo. Com isto, em 1960, a mesma base que foi vice campeã européia, também foi medalha de ouro em Roma. Na decisão contra a Dinamarca, vitória por 3x1, com gols de Galic, Matus e Kostic.
Na Copa do Mundo de 1962, no Chile, a seleção iugoslava, já muito cotada pelo sucesso em 60, conseguiria um resultado expressivo. Após passar por Uruguai, Colômbia e Alemanha Ocidental, a seleção do leste europeu seria parada apenas pela Tchecoslováquia, nas semifinais. Soskic era responsável por belas defesas, Jerkovic era o motor do time e Galic e Sklobar eram o terror das defesas adversárias. Na disputa de terceiro lugar, ao perder por 1x0 para o Chile, os iugoslavos terminariam em quarto lugar.
Soskic tentou salvar a Iugoslávia, mas não adiantou. Os europeus perderam por 1x0 para o Chile, na disputa do terceiro lugar da Copa de 1962!

Ausente da Copa de 1966, a Iugoslávia voltaria a ter grande destaque em 1968, quando novamente chegaria a decisão da Eurocopa. Dessa vez, derrota para a Itália, por 2x0, no jogo de desempate. Como naquela época não havia disputa de pênaltis, italianos e iugoslavos precisariam repetir a decisão no dia 10 de Junho, já que dois dias antes as duas seleções empataram por 1x1. Na repetição, vitória da Squadra Azurra, com gols de Riva e Anastasi. Seria o primeiro e único título dos italianos na Uefa Euro.
Somente em 1974, a Iugoslávia voltaria a disputar uma Copa do Mundo. Após um empate com a seleção brasileira, os iugoslavos aplicaram uma goleada histórica por 9x0 sobre o Zaire. Bajevic foi o artilheiro do jogo, com 3 gols. Em 1976, anfitriões da fase final da Eurocopa, os eslavos do sul chegaram a abrir 2x0 contra a Alemanha Ocidental, pelas semifinais. Popivoda e Dzajic fizeram os gols. Mas os germânicos, campeões da Euro 72 e da Copa 74, conseguiriam o empate já no final do jogo. Gerd Muller, que fez o gol de empate, foi o carrasco dos iugoslavos também na prorrogação, quando marcou outros dois gols e deu a vitória pelo placar de 4x2 para a Alemanha Ocidental, liderado pela artilharia de Muller e pela inteligência de Beckenbauer. Na disputa de terceiro lugar, outra derrota na prorrogação, dessa vez para a Laranja Mecânica, vice campeã mundial dois anos antes.
Nos anos 80, a Iugoslávia participou da Copa de 1982 e da Eurocopa de 1984. Em 1987, ficou marcada pelo título mundial sub-20, quando a crônica esportiva considerava que os eslavos tinham uma seleção perfeita. Nomes que depois conseguiriam grande sucesso no mundo da bola, formavam um verdadeiro quinteto mágico: Robert Prosinecki , Zvonimir Boban, Davor Suker, Predrag Mijatovic e Igor Stimac. Após uma primeira fase perfeita, com 3 vitórias em 3 jogos, com 12 gols marcados e apenas 3 gols sofridos, a Iugoslávia eliminaria o Brasil, o último campeão da categoria, com vitória por 2x1. Depois derrotaria Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental, chegando ao inédito título sub-20.
Em 1990, a última competição da Iugoslávia, formada por jogadores de todas as seis repúblicas. Por isso, certamente, seria uma Copa especial para os “brasileiros do leste europeu”. Na primeira partida, sofreria uma goleada de 4x1 para a Alemanha Ocidental, de Matthäus, Klismann e Voller. No segundo jogo, vitória por 1x0 contra a Colômbia de Higuita, Valderrama e Rincón. A Iugoslávia fecharia a primeira fase goleando por 4x1 os Emirados Árabes. Nas oitavas de final, confronto contra a Espanha e vitória por 2x1. Nas quartas de final, um jogo duríssimo contra a Argentina, um 0x0 que seria mantido por 120 minutos de bola rolando. Na disputa de pênaltis, o goleiro argentino Goycoechea foi o grande nome, contribuindo para a vitória dos sul-americanos por 3x2. Pancev e Stoijkovic eram alguns dos bons nomes daquele time. Inclusive, os sérvios Stoijkovic e Lekovic, e o montenegrino Savicevic voltariam a disputar uma Copa pela Iugoslávia, já separada de Croácia, Macedônia, Bósnia-Herzegovina e Eslovênia, em 1998.
Os brasileiros do leste europeu em ação. Iugoslávia 2x1 Espanha, pelas oitavas de final da Copa de 90!

Em 1992, a excelente seleção da Iugoslávia conseguiu se classificar nas eliminatórias para a UEFA Euro, superando a seleção da Dinamarca. O macedônio Pansev se tornava ídolo iugoslavo, fazendo vários gols por sua seleção, que se preparava na Suécia para a disputa da Euro, quando recebeu a trágica notícia de que o Conselho de Segurança da ONU impôs várias restrições à Iugoslávia, devido a guerra civil que assolava o país. Diante dessa situação, a Iugoslávia foi excluída da Eurocopa e a Dinamarca, segundo colocada no grupo dos iugoslavos nas eliminatórias, foi convidada para a disputa da competição. O resultado disso foi um título inédito para a seleção dinamarquesa, a mesma que sucumbiu ao bom futebol da Iugoslávia, legítima classificada para a Uefa Euro 92.
Para muitos, uma geração desperdiçada. Afinal a seleção da Iugoslávia, que chegou ao título mundial sub 20 em 1987, e depois as quartas de final da Copa de 1990, ficaria a ponto de bala a partir da Eurocopa de 1992. Mas isso não ocorreu, pois a seleção foi suspensa por algum período de tempo. Só voltou a ser autorizada a disputar competições organizadas pela FIFA, após a Copa de 1994, já com seus jogadores divididos entre outras seleções. Infelizmente o mundo político atrapalhou o mundo da bola, que não pode ver uma seleção formada por craques como os croatas Prosinecki, Suker, Boban e Stimac, os sérvios Stoijkovic e Jugovic, além do macedônio Pansev.
Vários jogadores do time de 1987 formariam a fortíssima seleção da Croácia, que, em 1996, em sua primeira competição como país independente, conseguiria avançar as quartas de final da Eurocopa, quando foi parada pela Alemanha. Isso foi apenas um ensaio, já que em 1998, a geração de Jarni, Boban, Prosinecki, Stimac e Suker fez bonito na Copa do Mundo da França, quando daria o troco na Alemanha, com uma contundente vitória por 3x0 nas quartas de final, mandando os campeões europeus de 1996 para casa. Aquela grande seleção, ao vencer a Holanda por 2x1, ficaria em terceiro lugar, um resultado fantástico em sua primeira participação em uma Copa do Mundo. A Croácia, após isso, se firmaria entre as grandes seleções, se classificando seguidamente para as Eurocopas de 2000, 2004 e 2008 e também para as Copas de 2002 e 2006. Em 2010, pela primeira vez, a Croácia ficou ausente de uma Copa do Mundo.
Croácia, uma das herdeiras da Iugoslávia, comemora o terceiro lugar em 1998.

A Iugoslávia, como já disse, também disputou a Copa de 1998 e fez um bom papel, sendo eliminada pela Holanda nas oitavas de final. Mijatovic, o quinto elemento do time de 1987, disputou a Copa pela Iugoslávia, a esta altura formada apenas por montenegrinos e sérvios. Além dele, outros nomes famosos como Stoijkovic, Mihajlovic, Savicevic, Jugovic e Jokanovic eram à base da seleção iugoslava no Mundial da França. Os eslavos fizeram bonito na primeira fase, quando venceram duas partidas e empataram outra: um 2x2 com a Alemanha, após abrir 2x0 de vantagem. No jogo contra a Holanda, pelas oitavas de final, a Iugoslávia se lamenta de ter perdido um pênalti, quando o jogo estava 1x1. A partida terminou 2x1 para a Laranja Mecânica, com o gol da vitória, marcado por Davids, acontecendo no finalzinho do jogo. A última participação da Iugoslávia em uma grande competição, aconteceu na Eurocopa 2000, quando os iugoslavos chegaram às quartas de final e, mais uma vez, encontraram a Holanda pelo caminho. Dessa vez, ocorreu um massacre da Laranja, que aplicou uma goleada histórica por 6x1, mandando assim os iugoslavos para casa. Milosevic era o grande nome da seleção iugoslava, terminando como artilheiro da UEFA Euro, ao lado do holandês Patrick Kluivert. Esse foi o último jogo da seleção iugoslava na história da Eurocopa, já que os eslavos não se classificaram para a Copa de 2002 e a partir de 2003 passaram a ser chamados de Sérvia e Montenegro.
Em 2006, a Sérvia e Montenegro chegou muito bem na Copa do Mundo. Milosevic e Stankovic eram os únicos remanescentes do time que disputou a Copa de 98 e a Eurocopa de 2000. A sólida defesa, que havia tomado apenas 1 gol nas eliminatórias, e contribuído para a surpreendente classificação em primeiro lugar em um grupo que tinha a favorita Espanha, faziam de sérvios e montenegrinos um adversário de tirar o sono antes do Mundial. Com Vidic, Krstajic, Dragutinovic e Gavrancic, além do seguro goleiro Jevric, era difícil imaginar essa seleção tomando muito gols. Além de tudo, na frente um trio de respeito: Stankovic, Kezman e Milosevic. Se no papel o time era forte, o mesmo não ocorreria dentro de campo. Analistas esportivos asseguram que havia muitos problemas internos que atrapalharam a campanha de Sérvia e Montenegro, a pior possível para uma seleção considerada a principal herdeira da Iugoslávia. A última colocação com 3 derrotas em 3 jogos, e uma humilhante goleada sofrida para a Argentina por 6x0 na segunda rodada, é para se esquecer. Poucos dias antes do início da Copa, Montenegro proclamaria a sua independência e,esse fato, pareceu tirar a identidade de uma seleção, que representava um país que não existia mais.
Da antiga Iugoslávia, vale citar também a Eslovênia que se destacou entre 2000 e 2002, quando chegou a Eurocopa e a Copa do Mundo. Quando me lembro dos bons times da Croácia, da Eslovênia e da Iugoslávia em 1998, fico imaginando como seria se esses três times formassem um só, como aconteceu até a Copa de 1990. Se os croatas chegariam em 1998 ao terceiro lugar, imagina se pudessem contar então com os sérvios Mihajlovic, Stoijjovic e Jukovic, além do esloveno Zahovic. Poderia sim eliminar a França, e vencer o Brasil na final. Em 2009, a Eslovênia fez uma boa campanha nas eliminatórias européias e se classificou para o Mundial de 2010, sendo eliminada pela Inglaterra ainda na fase de grupos. A Bósnia-Herzegovina, apesar de todos os conflitos, quase conseguiu uma vaga para o Mundial, mas foi eliminada por Portugal na repescagem das eliminatórias. A Macedônia disputou as eliminatórias e, como sempre, não conseguiu nada demais. Já Montenegro, agora separado da Sérvia, disputou as eliminatórias para uma competição realizada pela FIFA pela primeira vez, não conseguindo grande sucesso. Nas eliminatórias para a Euro 2012, a seleção de Montenegro vem conseguindo campanha surpreendente até o momento, liderando uma chave com Inglaterra, Suíça e Bulgária. Por último, vale destacar a seleção da Sérvia, que chegou muito cotada ao Mundial da África do Sul, após se classificar para a Copa por antecipação em um grupo com França, Romênia e Áustria. No Mundial, venceu a Alemanha (sensação da Copa), mas não conseguiu passar da primeira fase. Infelizmente não existe mais uma seleção com jogadores da Croácia, Sérvia, Eslovênia, Bósnia-Herzegovina, Macedônia e Montenegro, mas toda vez que alguma das herdeiras da Iugoslávia conseguir montar um grande time, o mundo do futebol ficará contente, ao perceber que “os brasileiros do leste europeu” ainda podem ser encontrados no jeito de jogar de cada uma dessas seleções.

2 comentários:

Paulo 9 de junho de 2014 às 12:56  

Menos de um mês após o término da Copa do Mundo de 1930, na qual a Iugoslávia eliminou o Brasil e chegou nas semifinais da competição, a seleção realizou um amistoso em seguida em São Januário contra o Vasco. Vitória brasileira por 6x1. O time cruzmaltino contava com Fausto dos Santos, que havia pouco antes recebido o apelido de "La Maravilha Negra" pela imprensa uruguaia.

Unknown 27 de junho de 2018 às 19:14  

Sonho de toda e qualquer pessoa que goste de futebol , assistir um jogo da Iugoslávia inteira com essa geração de hoje contra a seleção do resto do mundo , tão dividido também . Que jogo hein ?

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