O Blog Grandes Seleções pretende divulgar o futebol de seleções pelo mundo, em todas as épocas. Este é o espaço pra você relembrar aquela seleção que te encantou, que te fez raiva ou te encheu de alegria. Todas as informações das eliminatórias, amistosos internacionais e da Copa, você encontra aqui!

Polônia

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Seleção da Polônia, sensação da Copa de 1982!

Semana passada, eu encontrei uma gravação que tenho da Eurocopa 2008. Na verdade, se trata de um compacto da partida entre Áustria e Polônia, pela primeira fase. Pude então rever o gol do brasileiro Roger Guerreiro, o gol polonês, único na desastrosa campanha dos polacos na UEFA Euro. Não seria nada demais, se esse gol não fosse o primeiro e único da Polônia na história da Eurocopa. Isso mesmo! Uma seleção que já contou com Lato, Boniek, Smolarek, Lubanski, Deyna e Szarmach, só conseguiu chegar a fase final de uma Copa da Europa no ano de 2008, com uma geração nada brilhante, e com um brasileiro naturalizado polonês marcando o único gol em 3 jogos. Uma injustiça, certamente. Afinal a Polônia, sensação dos anos 70 e início dos anos 80, por duas vezes terceira colocada em uma Copa do Mundo, é considerada, com muita autoridade, uma das seleções de futebol mais tradicionais do mundo.
A primeira partida oficial da Polônia aconteceu no dia 18.12.1921, uma derrota para a Hungria em Budapeste, pelo placar de 1x0. Sem nenhum grande feito na década de 20, a Polônia se tornaria uma sensação a partir de 1936, quando uma bela campanha nos Jogos Olímpicos de Berlim credenciou os polacos como força ascendente do futebol mundial. Após passar pelas excelentes seleções da Hungria e do Reino Unido, a Polônia foi eliminada pela Áustria nas semifinais. Mesmo não chegando ao ouro olímpico, um clima de euforia tomou conta dos poloneses, que dois anos depois disputariam, pela primeira vez, uma Copa do Mundo. Nas eliminatórias para a Copa, a seleção do matador Wordarz atropelou a Iugoslávia. Assim, em 1938, a Polônia disputou seu primeiro Mundial, na França.
A Copa de 1938 foi a terceira realizada pela FIFA. Nunca é demais lembrar que a competição era disputada em sistema de mata-mata. Portanto, as seleções que perdessem na estreia, já eram eliminadas, sem direito a uma segunda chance. Dessa forma, grandes seleções não tiveram a oportunidade de mostrar serviço em uma Copa do Mundo. Assim aconteceu com a Polônia em 38! O jogo de vida ou morte seria contra o Brasil. Não se assuste, meu amigo, com o que eu vou dizer a seguir. A Polônia era considerada favorita inquestionável, antes da partida. Jogadores e comissão técnica, sem exageros, já pensavam no confronto das quartas-de-final, pois o Brasil, teoricamente, não teria chances contra a forte seleção polonesa. A equipe brasileira, até então, era apenas coadjuvante no cenário do futebol mundial. Uruguai e Argentina eram as forças do continente sul-americano.
Um duelo a parte chamaria a atenção: o confronto entre os craques Willimowski e Leônidas da Silva. Ezi (como era conhecido o artilheiro polonês) ficou de fora dos Jogos Olímpicos de 36, suspenso por seu comportamento boêmio fora de campo. Em 1938, seria o grande nome de seu país na partida única contra o Brasil. O jogo foi realizado no dia 05.06, em uma tarde chuvosa, na cidade de Estraburgo. Um confronto épico, diga-se de passagem. Durante o tempo normal, o Brasil chegou a estar vencendo por 3x1, mas os polacos buscaram um espetacular empate por 4x4. Mais sensacional ainda foi a prorrogação, com o Brasil conseguindo vantagem de 2x1, somando-se assim um placar final de Brasil 6x5 Polônia. Willimowski tentou de tudo, foi autor de quatro gols, e ainda sofreu um pênalti, que foi convertido por Piontek. Inacreditável, mas os quatro gols de Ezi de nada adiantou.Os europeus não podiam esperar que um homem com o apelido de Diamante Negro fizesse três gols (um descalço) e assim ajudasse o Brasil a seguir na Copa. Leônidas da Silva (o Diamante Negro) superou Willimowski (o Ezi), e a Polônia ficou pelo caminho.
Com a Segunda Guerra, o mundo parou. A Polônia, como sabemos, foi o país mais devastado pelas barbaridades do conflito mundial. Esse paralelo com a história é importante, até mesmo para você entender os motivos da paralisação da Copa do Mundo, que só voltou a ser disputada em 1950, no Brasil. Naturalmente, a seleção polonesa demorou para se reconstruir. Em 1958, os polacos tiveram boas chances de voltar a disputar uma Copa, mas bateram na trave. Durante as eliminatórias, a Polônia fez o mesmo número de pontos que a URSS em seu grupo. A Fifa ,então, determinou um confronto de desempate em campo neutro. Em jogo realizado na Alemanha Oriental, os poloneses perderam por 2x0 e viram os soviéticos (futuros campeões europeus de 1960) partirem para a Copa do Mundo na Suécia. Durante a década de 60, os poloneses permaneceram sem conseguir classificação para a Copa do Mundo e também para a Eurocopa. Nessa fase de “vacas magras”, vale lembrar de dois grandes artilheiros. O primeiro é Ciéslik, que atuou pela seleção entre 1947 e 1958. O outro é Ernest Pol, quarto maior artilheiro da história da seleção polonesa, com 39 gols em 46 jogos, entre os anos de 1955 e 1965.
Brasil 6x5 Polônia, um jogo épico na Copa do Mundo de 1938!

Brilhante! Assim podemos definir a Polônia a partir de 1972. No Jogos Olímpicos de Munique, a primeira demonstração de força de uma geração que ainda conseguiria grande sucesso. Foram 21 gols em 7 jogos, média de 3 por partida. Na decisão, vitória contra a Hungria, por 2x1, com dois gols de Deyna. Começava ali a era de ouro, uma geração de Szymanowski, Gorgon, Gut, Maszczyk, Cmikiewicz, Deyna, Lato, Gadocha e Lubanski. Um timaço de futebol, que encantou o mundo em 1972 e que se tornaria a grande sensação da Copa de 1974. Infelizmente o craque Lubanski, líder e grande destaque do time no ouro olímpico, se contundiu e não pode disputar a Copa na Alemanha. Daqui a pouco, quando eu começar a falar da brilhante campanha de 1974, vai ficar um vazio no ataque polonês, pela ausência do maior artilheiro da seleção. Isso mesmo! Lubanski estreou em 1963, e se aposentou da seleção em 1980. Nesse período foram 48 gols em 75 jogos. Não por acaso, Lubanski, em 2003, foi eleito o jogador de ouro pela associação polonesa de futebol, um prêmio merecido para um jogador que foi considerado o maior (o melhor foi Deyna) dos últimos 50 anos.
Com a ausência de Lubanski, espaço para outro craque conseguir destaque na Copa de 1974: Grzegorz Lato. Esse grande jogador estreou na seleção em 1971, como ponta direita. A principal caracterísitica de Lato era sua velocidade, o craque era capaz de correr 100 metros em 10,8 segundos. Um fenômeno do futebol polonês, com certeza! Lato foi o artilheiro da Copa de 1974, marcando sete gols. Após Lubanski, Lato é o segundo maior goleador da história da seleção, com 45 gols marcados. Deyna, que também fazia parte da geração de ouro, é o terceiro maior artilheiro, com 41 gols.
O treinador Kazimierz Gorsky sabia tirar o melhor de cada de um de seus jogadores, inclusive de Lato. Era uma seleção inovadora, com um futebol rápido e envolvente, com os pontas fazendo a diferença e com uma defesa muito segura. Durante as eliminatórias, a Polônia já dava indícios de que seria uma força na Copa do Mundo. Em seu grupo, tinha como concorrente direta por uma vaga na Copa, a seleção da Inglaterra. No jogo de ida, vitória por 2x0, em casa, gols de Gadocha e Lubanski. Na volta, jogando no Wembley, os polacos conseguiram um heróico empate por 1x1, com Domarski marcando o gol polonês. O English Team, que precisava de uma vitória em casa, ficou de fora da Copa. Era a vez da Polônia mostrar seu repertório para o mundo. E que repertório!
Na teoria, vida complicada para a Polônia na Copa de 1974. Em seu grupo estavam Argentina e Itália. E somente duas seleções se classificariam para a fase seguinte. Mas o que ninguém sabia, é que uma das vagas já era da Polônia. A primeira apresentação foi diante da favorita Argentina, em Stuttgart. Uma exibição de gala de Lato! No fim, vitória da Polônia, por 3x2, com dois gols de Lato e outro de Szarmach. Na segunda partida, goleada impiedosa: Polônia 7x0 Haiti. Szarmach foi o artilheiro do jogo, com três gol. Lato fez dois, Deyna e Gorgon marcaram uma vez. No último jogo da primeira fase, Polônia e Itália precisavam apenas de um empate, que seria conveniente para ambas as seleções. Com uma igualdade no placar, os polacos terminariam na liderança e a Itália ficaria em segundo lugar. Sabe o que aconteceu? Os poloneses passaram por cima! Szarmach e Deyna abriram 2x0 no primeiro tempo, e Capello fez o gol de honra da Itália no fim do jogo. Graças a vitória da Polônia, a Argentina conseguiu se classificar, com a Itália ficando na primeira fase. A supremacia da Polônia assustou o mundo, com 3 vitórias em 3 jogos, 12 gols marcados e 3 sofridos.
O capitão Deyna dá as instruções para Kasperczak, durante a partida contra a Itália pela Copa de 1974. Há quem diga que Kazimierz Deyna foi o melhor jogador da Polônia de todos os tempos, inclusive a associação polonesa de futebol. Deyna faleceu em 1989, em um trágico acidente de carro nos Eua, causando uma comoção poucas vezes vista na Polônia.

Na segunda fase da Copa de 1974, as oito seleções classificadas foram divididas em dois grupos de quatro. A primeira colocada de cada chave garantiria vaga para disputar a Final. A Polônia tinha pela frente um grupo com Suécia, Iugoslávia e Alemanha Ocidental. O primeiro confronto foi contra os suecos, em Stuttgart. Com gol de Lato, os polacos venceram por 1x0. Em seguida, vitória por 2x1 sobre a Iugoslávia, com Deyna e Lato marcando os gols da Polônia. A Alemanha Ocidental também conquistou duas vitórias e, por isso, o jogo do dia 03.07 foi decisivo. O vencedor do confronto entre Alemanha Ocidental e Polônia chegaria a decisão da Copa de 74. Durante todo o dia, muita chuva na cidade de Frankfurt. Isso, certamente, prejudicava o futebol rápido da Polônia e favorecia a força física, principal arma da Alemanha Ocidental. Sabendo disso, Gorsky pediu o adiamento da partida, mas não adiantou. O jogo aconteceu! E com gol de Gerd Müller aos 31 minutos do segundo tempo, a Alemanha Ocidental conquistou uma difícil vitória por 1x0. Fim de sonho para a Polônia e festa para os donos da casa!
No dia 06.07, a Polônia entraria em campo pela última vez na Copa de 74, para a disputa de terceiro lugar, contra o Brasil. A seleção brasileira, campeã em 1970, foi surpreendida pelo futebol total da Holanda e, por isso, disputava apenas o terceiro lugar. O jogo foi realizado em Munique, e valeu muito para os poloneses, que não tiveram o gosto de jogar a final da Copa, mas comemoraram bastante a surpreendente campanha, fechando com chave de ouro, ao vencer o Brasil por 1x0. Lato, aos 31 minutos do segundo tempo, foi o autor do gol da Polônia. A geração de Zmuda, Lato, Szarmach, Deyna e companhia, talvez, não soubesse a dimensão do feito em 1974. Foram 6 vitórias e apenas 1 derrota. A partir dali, a Polônia passava a ser uma seleção respeitada e temida no mundo da bola.
Tomaszewski defende pênalti, cobrado por Hoeness, contra a Alemanha Ocidental. O paredão polonês foi o destaque do jogo, mas não conseguiu impedir o gol de Gerd Müller, que eliminou sua seleção em 1974!
Lato, ainda garoto, faz o gol contra o Brasil, na disputa do terceiro lugar. Lato foi o artilheiro da Copa com 7 gols, 1 a mais que seu companheiro de time: Szarmach.

Em 1976, a Polônia voltou a brilhar na disputa dos Jogos Olímpicos, dessa vez em Montreal. Tomaszewski, Szymanowski, Gorgon, Zmuda, Kasperczak, Cmikiewicz, Deyna, Maszczyk, Lato e Szarmach eram nomes já conhecidos de 1974 e que conquistariam a medalha de prata no Canadá. Durante a campanha, destaque para as semifinais, quando os polacos eliminaram o Brasil, com vitória por 2x0. Os gols foram marcados pelo matador Szarmach. Na disputa do ouro, derrota para a Alemanha Oriental, por 3x1. Schade, Hoffman e Hafner marcaram para a Alemanha Oriental, enquanto que Lato descontou para a Polônia.
Após desclassificar Portugal nas eliminatórias, a Polônia voltou a disputar uma Copa em 1978. A estrutura era basicamente a mesma. Com 31 anos de idade, Lubanski disputaria sua primeira Copa. Dois anos depois, o maior artilheiro da Polônia se aposentaria da seleção sem marcar nenhum gol em Copas do Mundo. Certamente, o ápice do jogador se deu entre 1972 e 1974, mas lamentavelmente o craque não era mais o mesmo em 1978. A convocação foi um prêmio por sua bela história com a camisa da seleção polonesa. Se Lubanski não tinha o mesmo brilho de antes, um jovem jogador de 22 anos surgia como grande promessa do futebol polonês: Zbigniew Boniek. Em 1978, Boniek chegou de mansinho e ajudou a Polônia a ficar em quinto lugar. O auge de sua carreira, no entanto, ocorreria quatro anos depois, na Copa do Mundo de 1982, quando, mais maduro, levaria a Polônia ao terceiro lugar, repetindo o feito de 1974. Boniek era incrível com a bola nos pés, seja atuando pela ala esquerda, no meio de campo ou no ataque, como um exímio ponta que era. Boniek levava vantagem sobre os seus adversários, devido a sua grande capacidade de driblar com velocidade. Era fantástico vê-lo jogar! Para muitos, o melhor jogador da história do futebol polonês. Certo mesmo, é que Lato e Boniek estavam juntos e a Polônia era cada vez mais temida entre as grandes seleções.
O primeiro jogo da Polônia na Copa de 1978, foi um encontro com a Alemanha Ocidental, no estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires. Um público de 67.579 espectadores acompanharam uma partida tensa, entre duas grandes rivais. Rivais no futebol, desde o histórico jogo de 1974. E, infelizmente, países rivais, devido as atrocidades cometidas pelos alemães na Segunda Guerra. O placar da partida: 0x0. Em seguida, os poloneses derrotaram a Tunísia, por 1x0, gol de Lato. E na última rodada, vitória contra o México, por 3x1. Boniek marcou duas vezes e Deyna fez o outro gol da Polônia. Na fase seguinte, o mesmo regulamento de 1974, com dois grupos de quatro seleções, onde a melhor de cada chave se classificaria para a Final. A Polônia tinha em seu grupo, dois grandes candidatos ao título: Brasil e Argentina. Em sua estreia na segunda fase, derrota para os anfitriões, em Rosário. Placar de Argentina 2x0 Polônia, dois gols de Kempes. No segundo jogo, vitória magra contra o Peru, por 1x0, gol de Szarmach. Na terceira e última rodada, um grande jogo contra o Brasil. Nelinho abriu o placar para a seleção brasileira aos 13 minutos do primeiro tempo. Aos 45 minutos, Lato empatou para a Polônia. No segundo tempo, Roberto Dinamite marcou aos 12 e aos 18 minutos, definindo o placar de 3x1 para o Brasil. Nunca é demais lembrar que esse jogo, válido pela última rodada, foi disputado horas antes da partida entre Argentina e Peru. Quando a Argentina entrou em campo contra os peruanos, ela já sabia que precisava vencer por mais de quatro gols de diferença. O placar do jogo: Argentina 6x0 Peru. Anos depois, o goleiro peruano Quiroga confessou que sua seleção facilitou para os hermanos. A Argentina, com esse resultado, chegou a Final, e venceu a Holanda. Enquanto o Brasil disputou o terceiro lugar, e venceu a Itália. A Polônia terminou em quinto lugar.
Argentina 2x0 Polônia, Copa de 1978.

A Copa de 1978 foi a última grande competição da maioria dos jogadores da era dourada. Do time de 1974, somente Szamarch, Lato e Zmuda disputariam a Copa de 1982. Como já disse, o grande nome seria Boniek. Na primeira fase os adversários da Polônia eram Itália, Peru e Camarões. Em seis partidas válidas por esse grupo, cinco terminaram empatadas. A Polônia foi a única seleção a vencer nesse chave, quando goleou o Peru, já na última rodada. O jogo de estreia da Polônia foi contra a Itália, um empate por 0x0. Depois outro empate, contra a surpreendente seleção de Camarões, novamente um 0x0. Na última partida, os poloneses acordaram e aplicaram uma goleada de 5x1 sobre o Peru. O jogo foi realizado em La Corunã e os gols só aconteceram no segundo tempo. Aos 10 minutos, Smolarek abriu a porteira. Depois Lato, Boniek, Bunkol e Ciolec marcaram para a Polônia. No final, La Rosa fez o gol de honra dos peruanos. Com o placar, a liderança do grupo estava garantida para o país do leste europeu.
A Copa de 1982 foi a última de Lato com a camisa da Polônia. Na verdade, o time comandado pelo técnico Piechniczek era uma mescla de veteranos e caras novas. A receita deu certo! Zmuda, por exemplo, era remenescente do time de 1974. Ele é o jogador que mais vestiu a camisa da Polônia em Copas do Mundo, foram 21 vezes durante as Copas de 74, 78, 82 e 86. Já Wlodzimierz Smolarek, com seus 25 anos, disputava pela primeira vez uma Copa. E Smolarek formava um trio de ataque com Lato e Boniek, de tirar o sono de qualquer adversário. Na segunda fase da Copa de 1982, quatro grupos de 3 seleções foram formados.O campeão de cada chave seguiria para as semifinais. A Polônia encontrou, em seu caminho, a URSS e a surpreendente Bélgica, que venceu a Argentina de Maradona na abertura da Copa. O jogo contra os belgas foi realizado no dia 28.06, no Camp Nou, para um público de 65.000 espectadores. A Polônia mostrou sua força ao golear a Bélgica por 3x0, um “hat-trick” de Boniek. No jogo seguinte, a Polônia precisava apenas de um empate contra os soviéticos, para conseguir, mais uma vez, chegar a uma semifinal de Copa. O Camp Nou, novamente, foi palco de um jogo da Polônia. Dessa vez, um empate nervoso por 0x0, que qualificou os poloneses para um reencontro com a Itália, sua adversária de estreia. Nota triste do jogo foi o cartão amarelo recebido por Boniek, que o tirou das semifinais da Copa.
Dia 08.07.82, no estádio Camp Nou, Polônia e Itália entraram em campo para decidir quem chegaria a Final do Mundial da Espanha. A Itália só conseguiu se classificar para a segunda fase, por critérios de desempate, já que empatou suas três partidas, a exemplo de Camarões. Mas a Squadra Azurra conseguiu grande moral, ao vencer Argentina e Brasil, resultados que valeram a classificação para as semifinais. Paolo Rossi era o grande nome da seleção italiana. E foi o próprio Rossi que facilitou a vida da Itália, ao fazer o primeiro gol contra a Polônia, aos 22 minutos do primeiro tempo. Na segunda etapa, Rossi fez aos 27 minutos. Placar final: Itália 2x0 Polônia. E os polacos, novamente, não conseguiriam chegar a uma Final de Copa. A história daquele Mundial poderia ter sido outra, caso Boniek tivesse jogado a semifinal. Na disputa do terceiro lugar, a Polônia enfrentou a fortíssima França de Platini, Tigana, Didier Six e Rocheteau. Em grande jogo, os Le Bleus abriram o placar com Girard, aos 13 minutos. Então a Polônia mostraria sua força e conseguiria a virada com Szamarch aos 40 e Majewski aos 44 minutos do primeiro tempo. No segundo tempo, Kupcewicz ampliou para os poloneses aos 2 minutos. Aos 27, Couriol ainda diminuiu para a França. Placar de Polônia 3x2 França. Pela segunda vez, os poloneses foram eliminados nas semifinais pela seleção que seria campeã do mundo, mas conquistaram o terceiro lugar com propriedade, tanto em 1974, como em 1982.
Jogadores comemoram com Boniek, na vitória por 3x0 contra a Bélgica. Boniek marcou os três gols do jogo. Um craque!
Lato observa os jogadores italianos festejando com Rossi, pelas semifinais da Copa de 82. Pela segunda vez, com o craque em campo, a Polônia parava na semifinal de uma Copa do Mundo.

Em 1986, a Polônia disputou a sua quarta Copa do Mundo de forma consecutiva. Dessa vez, a seleção polonesa não era apontada como uma das favoritas da Copa. A geração de 1974 já fazia parte do passado. Boniek ainda era o motor e, ao lado de Smolarek, carregava o time nas costas. No primeiro jogo, realizado em Monterrey, empate por 0x0 com a seleção de Marrocos. Depois uma vitória magra, por 1x0 sobre a seleção portuguesa, que dois anos antes impediu a Polônia de chegar a fase final da Eurocopa. O gol do jogo foi marcado por Smolarek. Na última partida da primeira fase, a Polônia foi goleada pela Inglaterra, placar de 3x0 para o English Team, três gols de Lineker. Com o resultado, o embolado grupo terminou com Marrocos na primeira colocação, Inglaterra em segundo lugar, a Polônia em terceiro e Portugal em último. Os polacos conseguiram a classificação por índice técnico. Nas oitavas, encontro com o Brasil, em Guadalajara. Um massacre! O Brasil goleou a Polônia por 4x0, gols de Sócrates, Josimar, Edinho e Careca. A derrota, que causou a eliminação polonesa, era a prova de que chegava ao fim a melhor geração da história da Polônia. Smolarek e Boniek jamais voltariam a disputar uma Copa! E os poloneses ainda não viram seu país formar uma seleção que chegasse aos pés dos times de 1974 e 1982.
Em 1992, a Polônia conseguiu a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Barcelona. Após vencer Kuwait e Itália, e empatar com os Eua, os polacos precisaram eliminar Catar e Austrália para chegar a decisão contra a Espanha. O Camp Nou, que foi palco de grandes exibições de Boniek, agora recebia uma disputa do ouro olímpico, entre Espanha e Polônia. 95.000 espectadores acompanharam um jogo dramático, com vitória espanhola por 3x2. Kowalczyk e Staniek marcaram os gols da Polônia. Os torcedores da Polônia aguardaram o amadurecimento da geração de 1992, na esperança de surgir mais uma grande seleção. Isso não aconteceu!
Polônia, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992.

Durante as eliminatórias para a Copa de 2002, a desacreditada Polônia conseguiu uma marca de 14 jogos invicta, entre amistosos e jogos oficiais. Do time de 1992, apenas Waldoch, Kozminski e Schierczewski chegaram a Copa de 2002, na Coréia do Sul e no Japão. Era grande o entusiasmo por voltar a disputar uma Copa, após 16 anos ausente. As esperanças estavam depositadas em um nigeriano naturalizado polonês: Olisadebe. O time também contava com os gêmeos Michal e Marcin Zewlakow, além de bons jogadores como Krzynowec e Jacek Bak. No gol, o bom goleiro Dudek. A Polônia estreou na Copa de 2002, contra uma das anfitriãs, a seleção da Coréia do Sul. O jogo aconteceu em Busan, e os sul-coreanos conseguiram sua primeira vitória na história das Copas, placar de 2x0. Já era um aviso de que a seleção polonesa poderia fazer a sua pior campanha em Copas do Mundo. No segundo jogo, confronto contra Portugal. Como as duas seleções perderam na estreia, o jogo teve um caráter decisivo. E na noite chuvosa, em Jenju, a seleção portuguesa aplicou uma goleada de 4x0 sobre a Polônia, eliminando os rivais já no segundo jogo da primeira fase. Pauleta foi o carrasco polonês ao marcar 3 gols, o outro foi marcado por Rui Costa. A Polônia só conseguiu vencer uma partida, na última rodada, quando não tinha mais chances de classificação. Olisadebe, Kryszalowicz e Zewlakow marcaram na vitória por 3x1, sobre os Eua. Na Copa mais esquisita da história, as tradicionais seleções de Portugal e Polônia ficaram na primeira fase, enquanto que as inexpressivas seleções da Coréia do Sul e dos Eua seguiram em frente.
Em 1982, Pawel Janas fazia parte da equipe polonesa, terceira colocada no Mundial da Espanha. Em 2006, como treinador, seu objetivo era apagar o fiasco de 2002 e ajudar a Polônia a conseguir, pelo menos, uma vaga para as oitavas de final. Durante as eliminatórias, uma classificação tranquila, apesar da segunda colocação no grupo da Inglaterra. A esperança da seleção polonesa em 2006 era Euzebiuz Smolarek, filho de Wlodzimierz Smolarek. O ataque formado por Zurawski e Rasiak, além da segurança de Artur Boruc no gol, credenciavam a Polônia como candidata a segunda vaga do grupo, que também contava com Alemanha, Costa Rica e Equador. Mas o inesperado aconteceu! A Polônia abriu o Mundial, com derrota por 2x0 para o Equador, um confronto direto de duas seleções que brigariam pela segunda vaga. A derrota caiu como um balde de água fria no país, já que a segunda partida seria contra a Alemanha, em Dortmund. Isso mesmo! Assim como em 1974, a Polônia enfrentava a Alemanha, em um jogo decisivo. Artur Boruc foi o grande nome da partida, fazendo defesas incríveis. Foi um jogo de ataque contra defesa. Quando parecia que o jogo terminaria em 0x0, o que deixaria a Polônia com chances remotas na última rodada, a Alemanha conseguiu marcar seu gol com Neuville, aos 47 minutos do segundo tempo. De novo, a Polônia foi matematicamente eliminada na segunda rodada da fase de grupos. No dia 20.06, encerrou sua participação contra a Costa Rica, e venceu por 2x1, com dois gols de Bosacki.
Polônia, Copa de 2006. A atual seleção polonesa não chega nem aos pés dos times de 1974 e 1982.
A fanática torcida da Polônia tentou ajudar, lotando os estádios na Alemanha. Não adiantou! Desde 1986, a Polônia não passa da primeira fase de uma Copa.

A geração atual da Polônia não assusta ninguém, é verdade. Mas a classificação para as Copas de 2002 e 2006 motivaram os jogadores que, pelo menos, fizeram história. Pela primeira vez, a Polônia disputou uma fase final da Eurocopa, no ano de 2008. Nas eliminatórias, a Polônia foi um rolo compressor, em um difícil grupo com Portugal, Sérvia e Bélgica. Smolarek teve atuações brilhantes, principalmente ao marcar os dois gols da vitória sobre Portugal, por 2x1. A estreia na Eurocopa aconteceu contra a Alemanha, uma derrota por 2x0, dois gols de Podolski. Uma curiosidade! Klose e Podolski, dupla de ataque titular da Alemanha, são poloneses, mas naturalizados alemães. O segundo jogo da Polônia na Eurocopa, foi diante da anfitriã Áustria. O brasileiro naturalizado polonês Roger Guerreiro abriu o placar no primeiro tempo, o primeiro gol da Polônia na história da Euro. Aos 47 minutos do segundo tempo, Vastic empatou para a Áustria. No jogo de encerramento, derrota para a Croácia, por 1x0, gol de Klasnic. Com o placar, a Polônia foi eliminada na primeira fase da Eurocopa.
Voltando ao que disse no início desse texto, é difícil entender como a geração de ouro da Polônia não conseguiu disputar uma UEFA Euro. Difícil de entender, mas tem uma explicação: a Holanda. A geração dourada começou em 1972, nos Jogos Olímpicos. A primeira oportunidade de chegar a uma Eurocopa aconteceu nas eliminatórias para a UEFA Euro 76. De cara, um grupo com a Holanda (vice-campeã do mundo em 1974) e com a Itália. Apenas uma seleção se classificava por grupo! A Polônia fez duas partidas épicas contra a Holanda. Na primeira, Polônia 4x1 Holanda. Szarmach (duas vezes), Lato e Gadocha fizeram para a Polônia, enquanto que Van der Kerkhof descontou para a Holanda, no fim do jogo. No jogo de volta, a Holanda devolveu a humilhação sofrida na Polônia, com vitória por 3x0, gols de Neskens, Geels e Thijssen. No fim das contas, Holanda e Polônia terminaram com 8 pontos, e a Itália com 7. O saldo de gols era o mesmo para holandeses e poloneses. O que diferenciou as duas seleções foi o número de gols marcados, sendo 14 feitos pela Laranja Mecânica e 9 pela Polônia. Assim a Holanda foi disputar a Eurocopa, que era formada apenas por 4 seleções. Nas eliminatórias para a UEFA Euro 80, mais uma vez, a Holanda no caminho da Polônia. Como fiel da balança, a boa seleção da Alemanha Oriental, algoz da Polônia nos Jogos Olímpicos de 1976. Dessa vez, os polacos levaram boa vantagem sobre a Holanda, com uma vitória por 2x0, em casa, gols de Boniek e Mazur. No jogo de volta, na Holanda, empate por 1x1, com Stevens fazendo o gol da Laranja e Rudy marcando o gol polonês. Bom, com esses resultados contra os holandeses, pode-se imaginar que a Polônia foi a primeira colocada do grupo, certo? Errado! A Polônia tropeçou, novamente, na Alemanha Oriental. Perdeu por 2x1, jogando na Alemanha, e empatou por 1x1, jogando em casa. Esses dois resultados fizeram com que a Holanda terminasse em primeiro , com 13 pontos, e a Polônia em segundo, com 12. Ou seja, Holanda na Euro.
Em 2012, Polônia e Ucrânia serão sedes da Eurocopa. Os polacos aguardam com grande entusiasmo a competição. A seleção do país, infelizmente, tem poucas expectativas de conseguir algo expressivo na UEFA Euro. Nas eliminatórias para a Copa de 2010, fez um papel muito feio, terminando em penúltimo lugar, em um grupo com Eslováquia, Eslovênia, República Tcheca, Irlanda do Norte e San Marino. De consolo, fica a goleada por 10x0 contra a fraca seleção de San Marino, a maior goleada aplicada pela seleção polonesa em toda a sua história. Smolarek foi o destaque do jogo, com 4 gols. E justamente Smolarek, um jogador apagado na Copa de 2006 e na Eurocopa de 2008,é a esperança de dias melhores para a seleção polonesa. Para quem, um dia, teve Lubanski, Lato, Deyna, Szarmach, Boniek e Willimowski (Ezi), isso é muito pouco.

1 comentários:

Jessica Corais 4 de novembro de 2009 às 05:33  

A Polonia teve alguns momentos importantes ao longo de sua história e por ser sede da Euro 2012, pode quem sabe, surpreender na competição.

Muito legal a ideia do blog e o seu endereço já está na lista dos favoritos do meu blog!

Abraços, Jessica Corais

http://www.porjessicacorais.blogspot.com/

Postar um comentário

  ©Template by Dicas Blogger.

TOPO