O Blog Grandes Seleções pretende divulgar o futebol de seleções pelo mundo, em todas as épocas. Este é o espaço pra você relembrar aquela seleção que te encantou, que te fez raiva ou te encheu de alegria. Todas as informações das eliminatórias, amistosos internacionais e da Copa, você encontra aqui!

Argentina (parte 1)

sexta-feira, 19 de março de 2010

Estádio Azteca, Cidade do México, Quartas de final da Copa de 1986! Aos 6 minutos do segundo tempo, ao subir para defender uma bola rebatida pelo zagueiro Steve Hodge, o inglês Peter Shilton é surpreendido por Maradona, que se antecipa ao goleiro para marcar, de mão, o primeiro gol da Argentina. “Foi la mano de Dios”, declararia Diego Armando Maradona quando foi perguntado sobre o lance, após a partida. Três minutos depois do primeiro gol, “El pibe de oro” saiu de seu campo de defesa, driblou seis jogadores ingleses, inclusive o goleiro Shilton, para fazer um golaço! “O gol do século”, escolhido pela FIFA. Maradona, desta forma, contribuiu para a bela vitória da Argentina contra os ingleses, que valeu a classificação para as semifinais da Copa de 1986. O resto eu conto depois! Mas Maradona carregou praticamente sozinho a seleção argentina para a conquista de seu segundo título da Copa do Mundo. Por esse e por outros motivos, falar de Argentina é falar de Maradona. Em homenagem ao maior jogador da história do futebol argentino, para muitos o grande craque do futebol mundial, vamos dividir a história da seleção argentina em dois momentos: antes e depois de Maradona.
Um livro de 200 páginas, talvez, não fosse o suficiente para se contar, com detalhes, a história da seleção da Argentina. Não é brincadeira! Os argentinos têm muitos motivos para se orgulhar da equipe nacional. Ao lado da França, a Argentina é a única seleção que venceu a Copa do Mundo, a Copa das Confederações, foi ouro nas Olimpíadas e conquistou o campeonato de seu continente, no caso da Argentina, a Copa América, e no da França, a Eurocopa. Bom, um currículo com 2 títulos da Copa do Mundo, 14 da Copa América, 1 da Copa das Confederações, 2 medalhas de Ouro em Jogos Olímpicos, entre outros, é de se causar inveja . Além disso, o time sub-20 tem 6 títulos da Copa do Mundo da categoria. Motivos não faltam para a Argentina ser considerada uma das grandes potências do futebol mundial. Entra ano, sai ano, vários craques argentinos desfilam por gramados de todo o mundo, em grandes competições, nas maiores equipes da Europa e da América do Sul. A seleção, naturalmente, não consegue comportar tantos talentos. Muitas vezes, jogadores são perseguidos pela imprensa, por não conseguirem na seleção, ter o mesmo desempenho que têm em seus clubes. Riquelme e Messi são alguns dos craques freqüentemente pressionados. Tudo isso é normal, quando entendemos que a seleção argentina, devido ao seu grande leque de jogadores e a sua tradição indiscutível, sempre precisa fazer boas partidas e sair como campeã das principais competições. Ou seja, não importa se Inglaterra, Brasil, Alemanha, Itália ou Holanda estão com seleções melhores, ou mais bem treinadas. A Argentina tem que vencer!
"Foi la mano de Dios!" Maradona, de mão, marca o primeiro gol da Argentina contra a Inglaterra, pela Copa do Mundo de 1986. Dieguito seria o grande craque daquela Copa, carregando a Argentina para o Bi-Mundial.

Antes de Maradona

“O clássico do Rio da Prata!” Aqui em nosso país, falamos muito da rivalidade entre as seleções do Brasil e da Argentina. Mas os argentinos têm outro grande rival, ainda mais antigo: o Uruguai. Na verdade, por muitos anos, uruguaios e argentinos foram as duas grandes forças do continente sul-americano. Após a Copa América de 1957, a Argentina havia conquistado o título por 11 vezes, contra 9 do Uruguai e apenas 3 do Brasil. Em 1958, a geografia do futebol começou a mudar na América do Sul, com o título mundial conquistado pela seleção brasileira. Mas antes disso, muita água passou por debaixo da ponte. Os uruguaios, vale lembrar, conquistaram um ouro olímpico e uma Copa do Mundo jogando a final contra a Argentina, nos anos de 1928 e 1930. O primeiro clássico riopratense aconteceu em 1901, no dia 16.05, com vitória da Argentina por 3x2, em Montevidéu. Essa foi a primeira vez que as seleções da Argentina e do Uruguai entraram em campo para uma partida oficial. Dois anos antes, seleções formadas por jogadores apenas de Buenos Aires e Montevidéu realizaram uma partida comemorativa pelo 70° aniversário da Rainha Vitória, da Inglaterra, mas o jogo não é considerado oficial. Bom, como a história quase sempre tem incoerências, algumas pessoas acreditam que o primeiro jogo oficial entre as seleções ocorreu em Julho de 1902, com vitória da Argentina, por 6x0, também em Montevidéu. De qualquer forma, 194 clássicos entre Argentina e Uruguai já foram disputados, com 86 vitórias dos argentinos e 59 dos uruguaios. As duas seleções, por várias vezes, brigaram com unhas e dentes pelo título da Copa América. Nos anos de 1905 e 1906, foram criados dois torneios amistosos que reuniam apenas essas duas seleções, a Copa Newton e a Copa Lipton. A Copa Newton foi disputada entre os anos de 1906 e 1976, com 17 títulos para a Argentina e 11 para o Uruguai. Já a Copa, em homenagem ao magnata Tomas Lipton, foi disputada entre 1905 e 1992, com 18 títulos para a Argentina e 11 para o Uruguai. A primeira edição, em 1905, foi vencida pelos uruguaios. O confronto mais recente entre as seleções ocorreu em Outubro de 2009, com vitória da Argentina por 1x0, em Montevidéu, resultado que classificou os argentinos para a Copa e mandou os uruguaios para a repescagem.
O primeiro ensaio para a Copa América, foi um sul-americano disputado em 1910, com a participação de apenas 3 seleções: Argentina, Uruguai e Chile. Após vencer o Uruguai, os argentinos conquistaram seu primeiro título continental. Em 1916, em meio às festividades do centenário de sua independência, a Argentina montou um torneio de futebol. A competição contou com a participação de Uruguai, Chile, Brasil e Argentina. No fim, vitória dos uruguaios. Esse torneio foi oficializado e considerado como o primeiro campeonato sul-americano (mais tarde batizado de Copa América) da história! Após ver o Uruguai ser campeão mais duas vezes, e o Brasil outra, a Argentina conseguiu seu primeiro título, em 1921, jogando em casa. Após vencer Brasil, Paraguai e Uruguai, os argentinos tiveram o gostinho de um título que ainda conquistariam por mais 13 vezes. Julio Libonatti marcou 3 gols e foi o artilheiro da competição. Com Manuel Seoane no comando do ataque, a Argentina conquistou seu segundo campeonato sul-americano, em 1925. Ídolo do Boca Juniors, Américo Tesorieri foi o goleiro titular da seleção, entre os anos de 1919 e 1925. Do time campeão em 25, 8 jogadores faziam parte do Boca, inclusive Domingo Tarasconi, o quarto maior artilheiro da história do clube argentino, com 193 gols. Em 1927, mais um título da Copa América, que deu aos argentinos a vaga para disputar os Jogos Olímpicos de 1928!
Argentina, primeiro título da Copa América, em 1921.

As Olimpíadas de 1928 aconteceram em Amsterdã, na Holanda. Os uruguaios, ouro nos Jogos Olímpicos de 1924, eram considerados uma potência do futebol mundial. A Argentina, até aquele momento, não tinha muita repercussão fora da América do Sul. O cartão de visita foi sensacional, uma goleada por 11x2 contra os EUA, na primeira partida. O confronto das quartas de final era contra a Bélgica, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1920. Amigo, vale lembrar, que naquela época os Jogos Olímpicos eram uma verdadeira Copa do Mundo, com todas as seleções jogando com força total. Os argentinos surpreenderam o mundo e atropelaram a Bélgica: 6x3. Pelas semifinais, outra goleada: 6x0 no Egito. Na decisão, confronto contra o Uruguai. Os uruguaios, para chegar à final, tiveram vida complicada: eliminaram a anfitriã Holanda, a Alemanha e a Itália. O primeiro jogo da decisão aconteceu no dia 10.06, no estádio Olímpico, em Amsterdã. A partida terminou empatada por 1x1, gols de Petrone para o Uruguai e Ferreyra para a Argentina. Como não existiam as cobranças de pênaltis, foi marcado um jogo de desempate para o dia 13.06. Dessa vez, vitória do Uruguai, por 2x1, gols de Scarone e Figueroa para os uruguaios e de Monti para a Argentina. A medalha de prata foi um excelente resultado para o futebol argentino! Domingo Tarasconi, de quem já falei, foi o artilheiro da competição com 11 gols marcados. Se Tarasconi foi o quarto maior goleador da história do Boca, o primeiro foi o habilidoso e rápido Roberto Cherro, que também fazia parte do time nas Olimpíadas de 1928. Além deles, outro atacante de destaque era Raimundo Orsi, que após a competição na Holanda foi contratado pela Juventus. Em 1929, Orsi, um legítimo oriundo italiano, passou a jogar pela Azurra, onde conquistaria a Copa de 1934.
Em 1929, novamente a seleção argentina conquistou uma Copa América. Em 1930, disputou a primeira Copa do Mundo, no Uruguai. No dia 15.07.1930, estreia contra a França e vitória por 1x0, gol de Monti. Depois outras duas vitórias, 6x3 pra cima do México e 3x1 contra o Chile. Guillermo Stábile, o artilheiro da Copa de 1930 com 8 tentos, marcou 5 gols nesses dois jogos. Pelas semifinais, a Argentina enfrentou a zebra da competição: os EUA, que eliminaram Bélgica e Paraguai. Mas dessa vez nada de surpresas, e goleada da Argentina por 6x1, com dois gols de Peucelle e Stábile e um gol de Scopelli e Monti para a Argentina. Novamente um clássico do Rio da Prata era decisão de uma disputa Mundial! Espera aí, tem que dar muita ênfase nesse confronto, disputado no estádio Centenário, em Montevidéu, para um público de 93.000 pessoas, no dia 30.07.1930. Essa foi a primeira final de Copa do Mundo! A celeste olímpica, ouro nas Olimpíadas de 1924 e 1928, passou pelo Peru e atropelou Romênia e Iugoslávia (6x1 na semifinal) para chegar à final, diante de sua torcida. É duelo pra qualquer apaixonado por futebol conhecer! Aos 12 minutos do primeiro tempo, Pablo Dorado colocou a seleção uruguaia em vantagem. Mas Peucelle, aos 20, e o artilheiro Stábile, aos 37, viraram para a Argentina. Assim terminou o primeiro tempo! Na segunda etapa, “El vaso Cea” empatou para o Uruguai aos 12 minutos. Após isso, muita pressão e raça dos uruguaios, com o apoio da fanática torcida celeste. Iriarte, com um belo chute, colocou o Uruguai em vantagem aos 23 minutos da segunda etapa. Héctor “Manco” Castro, que era chamado assim por não ter uma mão, fez 4x2 aos 44 minutos do segundo tempo. Festa no Uruguai, pelo título da primeira Copa.
Os elegantes jogadores da Argentina, pouco antes da final da Copa do Mundo de 1930. Juan Evaristo, Paternoster, Monti, Botasso, Della Torre, Suarez e Peuccelle. Agachados: Varallo, Stabile, Ferreira e Mario Evaristo.

Luis Monti foi o único jogador a disputar duas finais de Copa por países diferentes. Monti estava no time da Argentina, que perdeu para o Uruguai, em 1930. Descendente de italianos, o jogador disputou a Copa de 1934 pela Azurra, que conquistou o título. Attilio Demária, também oriundo, fazia parte do time argentino em 1930 e disputou a Copa de 1934 pela Itália. O jogador, no entanto, participou apenas de 1 partida, tanto pela Argentina, quanto pela Itália, nenhuma sendo a Final. Outros dois ítalo-argentinos jogaram pela Itália em 1934: Enrique Guaita (que só estreou pela Argentina em 1933, ano que passou a jogar pela Azurra) e Orsi, de quem já falei. Esses seriam bons motivos para um protesto da seleção argentina, correto? Pois é! Na copa de 1934, realizada na Itália, a Argentina apareceu com uma seleção amadora. Tudo bem que outras justificativas foram dadas! A própria AFA (associação de futebol da Argentina) culpa os clubes, afirmando que estes não quiseram ceder os seus jogadores para uma viagem de navio, por mais de 13.000 quilômetros. O resultado, como era de se esperar, foi decepcionante. Logo de cara, uma derrota por 3x2 para a Suécia, em Bolonha. Era mata-mata! Ou seja, viajem longa e volta para casa, depois de um único jogo.
No ano de 1937, a Argentina voltou a ganhar uma Copa América. Na verdade, a competição que foi disputada anualmente durante a década de 20, estava apenas em sua segunda edição na década de 30 (em 1935 foi à primeira). Inclusive, em 1935, a Argentina foi vice-campeã, perdendo o título para o Uruguai. As duas seleções, alegando problemas financeiros, se recusaram a participar das Olimpíadas de 1936, na Alemanha Nazista. A honra foi cedida ao Peru! O atacante Masantonio foi o artilheiro da Copa América de 1935, com 4 gols. Outro jogador do período é Antônio Sastre, bastante conhecido pela torcida do São Paulo. Sastre jogou pela seleção argentina entre os anos de 1933 e 1941. Pelo Tricolor Paulista, ele jogou entre 1942-1946, época em que o São Paulo foi conhecido como rolo compressor, vencendo, por várias vezes, o campeonato paulista. Em 1937, ele fazia parte do time campeão da América. Guaita, o mesmo que disputou a Copa de 1934 pela Itália, estava de volta para a disputa da competição sul-americana. Cherro e Carlos Peceulle, destaques de 1928 e 1930, também faziam parte dessa seleção. O grande destaque era o atacante Francisco Varallo, o segundo maior artilheiro do Boca Juniors na era profissional (o primeiro é Palermo). Isso porque Cherro e Tarasconi, os dois outros da lista, jogaram pelo Boca na era amadora do clube. Enfim, a conquista da Copa América de 1937 foi difícil. Durante a campanha, os argentinos perderam para o Uruguai e chegaram ao confronto final contra o Brasil (o campeonato sul-americano sempre era disputado em sistema de pontos corridos) precisando de vitória, para forçar um jogo de desempate com a seleção brasileira. O resultado aconteceu! Vitória da Argentina por 1x0, gol de García. O confronto de desempate foi bastante tumultuado, mas no fim a Argentina derrotou o Brasil por 2x0, dois gols de De La Mata.
A Argentina pleiteou para ser anfitriã da Copa de 1938. O mundo vivia um clima pré-guerra, com constante ameaça dos regimes fascistas. O francês Jules Rimet, presidente da FIFA, temendo que a Copa de 1938 fosse à última edição do torneio, escolheu a França como país sede. Os argentinos, como forma de protesto, decidiram abdicar do direito de disputar a Copa do Mundo. O argumento era que deveria haver um rodízio entre os continentes, já que em 1930 a Copa aconteceu na América do Sul e em 1934, na Europa. Naquela época, uma viajem para a Europa era demorada e muito cara. Por aí, se entende os motivos da revolta dos argentinos e de várias outras seleções que se juntaram ao protesto. Guillermo Stábile, o artilheiro da Copa de 1930, se tornou o treinador da seleção a partir de 1939. Como treinador, conquistou 6 títulos da Copa América (ou campeonato sul-americano, se preferir) com a seleção argentina, o primeiro em 1941 e o último em 1957. Em 1941, com o mundo em guerra, a Argentina chegou ao Hexa da competição. Uma curiosidade! Juan Marvezzi, que marcou 5 gols na goleada por 6x1 contra o Equador, terminou como artilheiro, com seus 5 gols.
Em 1942, a Argentina conseguiu a maior goleada de sua história: 12x0 no Equador, pela Copa América. Os albicelestes (um dos apelidos da Argentina, por causa de seu uniforme branco e azul) marcaram 21 gols em 7 jogos, média de 3 por partida. No entanto, terminaram na segunda colocação, atrás do Uruguai. Dois jogadores argentinos foram os artilheiros do campeonato: Herminio Masantonio e José Manuel Moreno, cada um com 7 gols. Moreno era um dos nomes do River Plate, na primeira metade da década de 40, quando o time era conhecido por “La Máquina.” Esse apelido do River foi dado por causa de sua linha de ataque, composta por Moreno, Juan Carlos Muñoz, Pedernera, Angel Labruna e Lostau Félix. Exceto Moreno, esses jogadores estavam nas seleções que venceram por 3 vezes seguidas o campeonato sul-americano em 1945, 1946 e 1947. Na época, a Argentina era a mais forte seleção do mundo. Quem acompanhou essa seleção, afirma que se houvesse uma Copa do Mundo em 1946, a Argentina seria campeã. Mas é bom tomar cuidado com esse tipo de afirmação, já que em outras oportunidades, seleções fantásticas decepcionaram. Em 1945, Norberto Méndez, ídolo do Huracán, terminou como artilheiro, com 6 gols. Em 1946, com Pedernera, Labruna e Lostau, a Argentina fez outra grande campanha, vencendo todos os seus jogos. O último, por sinal, foi contra o Brasil, uma vitória por 2x0, em jogo confuso que ficou paralisado por 70 minutos. Os gols argentinos foram marcados por Norberto Méndez. Em 1947, outro título categórico, com 6 vitórias e 1 empate em 7 jogos. Uma Argentina bárbara, sem dúvida. Infelizmente essa grande seleção não enfrentou nenhuma equipe europeia, devido a segunda guerra.
Alfredo di Stéfano foi um dos maiores jogadores de todos os tempos. Muitos afirmam que ele foi melhor que Pelé e Maradona! Di Stéfano se destacou pelo River Plate, em 1947, o que lhe valeu a convocação para a seleção argentina. O craque participou da Copa América daquele ano com a camisa albiceleste. No entanto, a carreira de Di Stéfano na seleção argentina foi curtíssima. Em 1949, quando já atuava pelo Milionários, da Colômbia, o jogador passou a defender a seleção colombiana, mas somente por 4 partidas. Como sabemos, Di Stéfano se tornou o grande craque do Real Madrid, entre 1953 e 1964, com 307 gols em 286 partidas. No período, conquistou 8 campeonatos espanhóis e também as 5 primeiras edições da UEFA Champions League, ajudando o clube merengue a se tornar o maior vencedor da competição até os dias atuais. E foi nesse momento de sua carreira que Di Stéfano defendeu a seleção espanhola, entre os anos de 1957 e 1961, marcando 23 gols em 31 jogos. O craque nunca disputou uma Copa! Em 1950, talvez pudesse ter voltado a jogar pela Argentina, mas os albicelestes se recusaram a participar de uma Copa do Mundo no Brasil, alegando problemas com a CBD (Confederação brasileira de Desportos). Em 1954, novamente os argentinos não participaram sequer das eliminatórias, por problemas parecidos. Por isso, a primeira chance de Di Stéfano aconteceu durante as eliminatórias para a Copa de 1958, na Suécia, já atuando por sua terceira seleção: a Espanha. No entanto, a fúria não conseguiu vaga para a Copa. Em 1962, Di Stéfano estava contundido e só poderia disputar o Mundial do Chile, a partir da segunda fase. Em um jogo muito polêmico, os espanhóis foram eliminados pelo Brasil, ainda na primeira fase. Mesmo sem aparecer em Copas do Mundo, Di Stéfano foi eternizado no Real Madrid. Em 2000, o lendário craque argentino foi nomeado o presidente de honra do clube merengue. Maradona, em entrevista a um canal italiano em 1997, afirmou: “Eu não sei se eu sou melhor do que Pelé, mas Di Stéfano, com certeza, foi melhor que o brasileiro.” A conclusão, amigo leitor, é sua.
No Chile, em 1955, a Argentina conquistou mais um título da Copa América. Um dos jogos marcantes da campanha foi a goleada sobre o arqui-rival Uruguai, por 6x1. Rodolfo Micheli foi o artilheiro da competição, com 8 gols. Em 1957, a Argentina voltou a vencer o torneio sul-americano, com grande facilidade. Humberto Maschio foi o goleador, com 9 gols. Mashio, ao lado de Angelilo e Omar Sívori, formava o que se chamava de “trio da morte” e “anjos de cara suja”, por causa do estilo de jogo de ambos, sem medo. Os três jogadores foram praticamente juntos para o futebol italiano, e passaram a defender a Azurra nos anos 60. Outro excelente atacante era Corbatta. O jogador esteve na campanha de 1957 e jogou a Copa de 1958, pela seleção argentina. Falando em 1958, alguns nomes que chegaram a Copa da Suécia merecem destaque. Pedro Dellacha, campeão da Copa América em 1955 e 1957, era o capitão e zagueiro da seleção, no período. O goleirão Carrizo, por exemplo, era muito admirado por sua elasticidade. Angel Labruna, o mesmo da grande fase do River na década de 40, jogaria a Copa, já com seus 40 anos de idade. O atacante Sanfilippo, futuro goleador da seleção, já estava no grupo. Além deles, o meia Varacka, que jogaria de 1956 a 1966, pela seleção. Enfim, a Argentina chegaria ao Mundial de 1958 rodeada de muita expectativa.
Mas como o futebol não tem muita lógica, a Argentina, considerada favorita, foi um fiasco na Copa do Mundo. Quando Corbatta abriu o placar contra a Alemanha Ocidental, com 2 minutos de bola rolando, na primeira partida, parecia que tudo ia ser uma maravilha. Mas o resultado final do jogo não foi o esperado para os albicelestes, com derrota por 3x1. Na segunda rodada, Corbatta marcou duas vezes e Avio marcou outra, na vitória por 3x1 sobre a Irlanda do Norte. Na última partida, os argentinos precisavam de uma vitória simples para garantirem vaga nas quartas de final. Mas aconteceu no dia 15.06.1958, a derrota mais humilhante da história dessa seleção: Tchecoslováquia 6x1 Argentina. Em 1993, é verdade, a Argentina sofreu uma goleada de 5x0 para a Colômbia, em casa, pelas eliminatórias. Mais recentemente, ano passado, foi goleada por 6x1 pela fraca seleção da Bolívia, na altitude de La Paz, também pelas eliminatórias. Esses três resultados são os maiores desastres da seleção argentina! Enfim, Corbatta foi o autor do gol solitário contra os tchecos e terminou como artilheiro da Argentina na Copa, com 3 gols. Ao chegar em Buenos Aires, os jogadores argentinos foram hostilizados pela torcida. Depois disso, foi feita uma renovação. Em 1959, de consolo, mais um título da Copa América. Na verdade, foi um ano atípico, com duas edições do campeonato sul-americano no mesmo ano. Na primeira disputa, a Argentina foi à campeã, com certa tranqüilidade. No segundo campeonato, o título ficou para os uruguaios.
Argentina, campeã da Copa América de 1957. Time base: Carrizo, Perez, Vario, Lombardo, Rossi, Sola, Corbatta, Prado, Menendez, Labruna e Zarate.
Alemanha Ocidental 3x1 Argentina, Copa de 1958!

A Copa de 1962 foi disputada no Chile. A Argentina caiu em um difícil grupo com Inglaterra, Hungria e Bulgária. Após vencer a Bulgária por 1x0, gol de Facundo, os argentinos enfrentaram a Inglaterra pela segunda rodada. Flowers, Charlton e Greaves abriram 3x0 para os ingleses, e Sanfillipo descontou para os sul-americanos. No fim, com a derrota por 3x1 para o English Team, a Argentina precisava vencer a Hungria para se garantir na fase seguinte. Mas o jogo contra os húngaros terminou 0x0, resultado que causou a eliminação precoce da Argentina. Em 1964, a CBF criou a Copa das Nações, um torneio amistoso que foi disputado uma única vez. A competição ocorreu, basicamente, nos estádios do Maracanã e do Pacaembu e contou com apenas 4 seleções: Brasil, Argentina, Portugal e Inglaterra. A Argentina se sagrou campeã, vencendo os 3 jogos que disputou. O primeiro foi um placar de 2x0 contra Portugal. Depois os argentinos golearam a seleção brasileira, em pleno Pacaembu, por 3x0. O jogo do título aconteceu no Maracanã, no dia 06.06.1964, com vitória por 1x0 contra a Inglaterra, gol de Alfredo Rojas. A Argentina, dessa forma, fez a festa dentro do Brasil.
Antônio Rattín se tornou uma figura conhecida da Argentina e da história das Copas. O meia, que jogou toda a sua carreira no Boca Juniors entre os anos de 1956 e 1970, foi protagonista de um jogo pela Copa de 1966, quando a Argentina enfrentava a Inglaterra pelas quartas de final. Rattín, que também disputou a Copa de 1962, era o camisa 10 da seleção no Mundial, disputado na Inglaterra. A Argentina, após passar por Paraguai e Bolívia nas eliminatórias, enfrentou um verdadeiro grupo da morte com Espanha, Alemanha e Suíça. A campanha foi muito digna! Na estreia, vitória contra a Espanha, campeã europeia de 64, por 2x1, com dois gols de Artime para os albicelestes. O segundo jogo foi contra a Alemanha Ocidental, futura finalista da Copa, e terminou com um empate de 0x0. Na última partida, mais uma vitória, dessa vez contra a Suíça, por 2x0, gols de Artime e Onega. Enfim, depois de 36 anos, a Argentina conseguiu passar de fase em uma Copa do Mundo. O confronto das quartas de final, no entanto, era contra a seleção mais temida da Copa, a anfitriã Inglaterra. Os argentinos se propuseram a jogar na defesa, tentando segurar a pressão da Inglaterra de Bobby Charlton. O jogo foi bastante violento! Rattín, indignado com a situação, decidiu reclamar da violência dos britânicos com o árbitro alemão Rudolf Kretlein. Mas eles não falavam a mesma língua! O árbitro, que não entendia nada de espanhol, expulsou o argentino, alegando que o jogador o xingou. Incorfomado, Rattín se recusou a sair do gramado, solicitando a presença de algum intérprete. O jogo ficou paralisado por bastante tempo! Rattín só saiu escoltado por policiais, e ainda teve a ousadia de se sentar em um tapete vermelho, colocado exclusivamente para a rainha caminhar. Não satisfeito, como sinal de repúdio, ele amaçou uma bandeirinha britânica. O resultado do episódio: a FIFA inventou os cartões amarelo e vermelho, introduzidos na Copa de 1970, para criar uma linguagem universal para o futebol. Quanto ao jogo, a Argentina não suportou a pressão. Aos 33 minutos do segundo tempo, Hurst fez o gol da vitória da Inglaterra por 1x0. Começava ali uma história de grande rivalidade entre essas seleções. Os ingleses, com muita polêmica de arbitragem, venceram a Copa do Mundo de 1966!
Rattín gesticula com o juíz, durante o jogo contra a Inglaterra pela Copa do Mundo de 1966!

Ausente da Copa de 1970, a Argentina voltou a disputar um Mundial em 1974, na Alemanha. Na estreia, derrota para a excelente seleção polonesa, por 3x2. Os gols argentinos foram marcados por Heredia e Babington. No segundo jogo, empate por 1x1 com a Itália, com Houseman fazendo o gol argentino e Perfumo marcando um gol contra, que valeu o empate para a Azurra. A situação do grupo na última rodada era desfavorável para a Argentina! Os albicelestes precisavam vencer o Haiti, por uma boa diferença de gols, e ainda torcer por uma vitória da Polônia contra a Itália. A Argentina fez sua parte e com dois gols de Yazalde, um de Houseman e outro de Mouse Ayala, goleou o Haiti por 4x1. Na outra partida, a Polônia bateu a Itália, por 2x1. A Polônia sobrou no grupo, enquanto que a Argentina superou a Itália pelo saldo de gols e conseguiu a segunda vaga com bastante sofrimento. Pela segunda fase, a Argentina enfrentou um grupo mais complicado ainda, com Holanda, Brasil e Alemanha Oriental. No primeiro jogo, foi massacrada pelo carrossel holandês de Rinus Michels e Johan Cruyff, pelo placar de 4x0. Quem viu a Laranja Mecânica jogar em 1974, afirma que nem a máquina platina, campeã da América em 45/46/47, conseguiria superar a seleção holandesa, no dia 26.06 em Gelsenkirchen. Esse jogo ainda terá grande ênfase em nosso blog, quando eu apresentar a seleção da Holanda, de uma inteligência tática incrível. O próprio técnico argentino Vladislao Cap declarou após a partida: “Eu nunca vi nada parecido. Meus jogadores jamais viram um time assim. Eles são um rolo compressor.” Quatro dias depois, a Argentina perdeu para o Brasil por 2x1, com Brindisi marcando o gol dos albicelestes. Na última rodada, apenas para cumprir tabela, a Argentina empatou por 1x1 com a Alemana Oriental, com Houseman marcando o gol argentino no confronto. Alguns dos destaques dessa seleção eram Babington, Brindisi, Aldo Poy, Mouse Ayala, Yazalde e Balbuena.
Yazalde marca contra o Haiti! A goleada por 4x1 garantiu os argentinos na segunda fase.
Cruyff dribra o goleiro Canervalli, para marcar um dos gols da Holanda, na goleada por 4x0 sobre a Argentina, pela Copa de 1974.

Mario Kempes, apelidado de “el matador”, é um dos maiores jogadores do futebol argentino de todos os tempos. Após participação discreta na Copa de 1974, Kempes se tornou um dos grandes nomes da Argentina, durante a conquista, em casa, da Copa do Mundo de 1978. Inclusive o jogador foi o artilheiro da Copa, com 6 gols, sendo que dois desses gols foram marcados na Final contra a Holanda. A seleção argentina, comandada por César Menotti, tinha um ataque de respeito na Copa do Mundo de 1978. Luque, um dos destaques do River Plate, se revezava com Kempes na artilharia da seleção. Outros nomes que davam força ofensiva ao time eram Bertoni e Ortiz. Bertoni, por sinal, não era um ponta veloz, desses que voltam ao meio de campo para ajudar na marcação. Pelo contrário! Mesmo assim o jogador era importante no sistema tático adotado por Menotti, devido a sua grande movimentação. Outro jogador de ataque muito importante era Houseman, remanescente da Copa de 1974. Mas uma seleção campeã não se faz somente pelo ataque! Na defesa, um grande nome: Daniel Passarella. O zagueiro, capitão da seleção argentina em 1978, também fez parte do grupo que conquistou o BI Mundial, 8 anos depois. Passarella, além de um zagueiro impecável, ainda marcava seus gols. Na seleção argentina, foram 22 gols em 70 jogos. O jogador fez sua carreira em clubes como River Plate, onde jogou entre os anos de 74 e 82, além de Fiorentina e Inter de Milão. No total, marcou 178 gols. Não se confunda, amigo! Passarella era um zagueiro. Além dele, vale lembrar do goleirão Ubaldo Fillol, chamado de Superman, devido as suas belas defesas. Fillol era o reserva de Carnevalli, na Copa de 1974, mas jogou como titular absoluto do gol argentino nas Copas de 1978 e 1982. Alberto Tarantini e Jorge Olguin, também defensores, foram peças importantíssimas na Copa de 1978 e voltaram a defender a Argentina na Espanha, em 1982. No meio de campo, outros nomes relevantes como Daniel Valência, Ardiles e Gallego, jogadores essenciais para a criação dos nossos “hermanos”.
Um país comandado por generais, em plena ditadura militar. Um saldo total de nove mil vítimas, entre os anos de 1976 e 1983. Foi com esse cenário de violência e repressão, que a Argentina recebeu a Copa do Mundo de 1978. Para os generais, somente o título interessava. As polêmicas começaram ainda na primeira fase, quando os adversários se queixaram de favorecimento aos donos da casa. Na primeira partida, a Argentina, mesmo jogando um futebol ruim, venceu a Hungria por 2x1, com gols de Luque e Bertoni. Na partida seguinte, outra vitória, dessa vez contra a França, também por 2x1. Passarella, de pênalti, e Luque fizeram os gols argentinos, enquanto que Platini fez o de honra dos franceses, que reclamaram muito do pênalti marcado para os anfitriões. Na última rodada, a Argentina decidiu o primeiro lugar do grupo com a Itália, e perdeu por 1x0, gol de Bettega. Assim, os albicelestes terminaram em segundo lugar e garantiram a classificação para a fase seguinte. A segunda fase foi ainda mais polêmica! Os brasileiros reclamam até hoje da forma como a Argentina garantiu a classificação para disputar a Final. Além do Brasil, o grupo ainda contava com Peru e Polônia. No dia 14.06, em Rosário, a Argentina bateu a Polônia por 2x0, dois gols de Kempes. Como o Brasil também estreou com uma vitória por 3x0 sobre o Peru, o clássico entre brasileiros e argentinos se tornou um jogo decisivo. A partida ocorreu em Rosário, dia 18.06, e terminou com um placar de 0x0, com o Brasil sendo superior durante a partida. Os jogos da última rodada aconteceram em horários diferentes e provocaram uma das maiores polêmicas da história do futebol. Mais cedo, o Brasil bateu a Polônia por 3x1, em Mendonza. Com isto, a Argentina entrou em campo contra o Peru, algum tempo depois, sabendo que precisava de uma vitória de, pelo menos, 4 gols de diferença para chegar a decisão. O placar final da partida foi Argentina 6x0 Peru! Esse resultado classificou os comandados de Menotti para disputar a final da Copa. Os gols do jogo, ocorrido em Rosário, foram marcados por Kempes, duas vezes, Luque, duas vezes, Tarantini e Houseman. Amigo, esse jogo ainda não acabou e parece que nunca vai acabar. O goleiro da seleção peruana Quiroga, argentino de nascimento, é acusado, principalmente por brasileiros, de ter favorecido para a seleção argentina, em troca de benefícios financeiros. Por isso, tem brasileiro que se considera “campeão moral” da copa de 1978. Algumas coisas, porém, jamais podem ser mudadas. A Argentina conseguiu fazer o resultado dentro de campo e isso classificou os albicelestes para disputar sua segunda final de Copa do Mundo.
48 anos depois de chegar a final do Mundial de 1930, os argentinos voltaram a uma decisão de Copa. O confronto era com a seleção da Holanda, vice-campeã do mundo em 1974. Os holandeses já não contavam com Cruyff, que segundo os jornalistas da época não disputou a Copa para não ter que associar a sua imagem a um país governado por uma junta militar. Mas há pouco tempo, o ídolo máximo do futebol holandês apresentou outra versão, dizendo que um sequestro em 1977 o deixou sem condições de disputar a Copa. De qualquer maneira, a Holanda estava, mais uma vez, na decisão. O confronto era bastante equilibrado, diga-se de passagem. A ditadura de Jorge Rafael Videla foi esquecida, pelo menos na tarde do dia 25.06, quando 71.483 pessoas assistiram a histórica vitória da Argentina, no estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires. No primeiro tempo, Fillol foi um dos melhores em campo, salvando as chances de gol da Laranja. Aos 38 minutos, Kempes abriu o placar, para delírio da fanática torcida argentina. Na segunda etapa, uma grande pressão da Holanda, com Fillol novamente interceptando as chances de gol dos europeus. Mas aos 37 minutos da segunda etapa, Nanninga completou para o gol e empatou a partida: 1x1. A Laranja Mecânica teve a chance do jogo, quando Rosenbrink mandou uma bola na trave, com Fillol praticamente batido. Na prorrogação, os albicelestes mostraram sua força e foram superiores. A Argentina dominou o jogo no meio de campo e usou a catimba para furar a defesa da Laranja. Kempes, que dividiu uma bola na raça, com o goleirão Jongbloed, marcou 2x1 no fim do primeiro tempo da prorrogação. Bertoni, na segunda etapa, fez o terceiro. Fim de jogo: Argentina 3x1 Holanda! O sonho da Copa do Mundo, enfim, estava realizado. A Argentina dos generais e de Kempes se sagrou campeã do mundo, em 1978. Não importa o que digam, afinal quem garante que a seleção brasileira derrotaria a Holanda na Final da Copa? Quem garante?
Seleção da Argentina, Copa do Mundo de 1978. Em pé: Daniel Passarella, Rene Houseman, Luis Galvan, Alberto Tarantini, Mario Kempes, Ubaldo Matildo Fillol. Agachados: Americo Gallego, Osvaldo Ardiles, Leopoldo Luque, Daniel Valencia, Jorge Olguin.
Kempes coloca a Argentina em vantagem, na prorrogação. No fim, a Argentina venceu a Holanda e conquistou seu primeiro título da Copa do Mundo.
Jogadores comemoram com a taça. Uma dia histórico para o futebol argentino!
A torcida compareceu e fez belas festas. A Argentina não decepcionou em casa!

1 comentários:

Unknown 19 de março de 2010 às 20:20  

Contou a toda a trajetória portenha pelas Copas hein? Estou torcendo pelo Brasil, mas atualmente os hermanos tem mais jogadores decisivos que nós.

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