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Portugal (Parte 1)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Nem a marcação de Orlando e nem a competência do goleiro brasileiro Manga foram capazes de atrapalhar Eusébio, em jogo pela Copa de 1966. Os patrícios derrotaram o Brasil e mandaram a seleção canarinho de volta pra casa ainda na primeira fase.
Eusébio converte pênalti contra a Inglaterra, pela semifinal da Copa do Mundo de 1966. Gordon Banks para um lado e bola para o outro. Mesmo com uma excelente equipe, os portugueses caíram diante da Inglaterra, com derrota por 2x1, no estádio de Wembley.

Uma campanha iniciada na internet e que contou com o reforço de faixas no estádio de Coimbra, onde Portugal derrotou a China em amistoso na semana passada, pede que os jogadores usem bigodes na Copa do Mundo de 2010. O inusitado pedido da torcida tem seus motivos, afinal o bigode é tradição no cenário político português. E cá pra nós, o bigode é uma espécie de identidade desse povo, ou vai me dizer que você nunca viu (ou ouviu falar) dos famosos padeiros portugueses? Pois é! De bigode, ou sem bigode, a seleção portuguesa vem para a sua terceira Copa do Mundo consecutiva (fato inédito) e busca melhorar o feito de 2006, quando chegou às semifinais. A partir de agora vamos fazer uma viajem pela história dessa seleção, que hoje conta com um dos melhores jogadores do mundo: Cristiano Ronaldo.
Dia 08.10.1961 aconteceu a estreia de Eusébio da Silva Ferreira (o pantera negra) na seleção portuguesa. O jogador, de origem moçambicana, seria o maior nome da história do futebol português até a ascensão de Cristiano Ronaldo nos últimos anos. A primeira vez de Eusébio com a camisa lusitana deve ser esquecida, afinal os patrícios perderam para Luxemburgo, em jogo das eliminatórias para a Copa do Mundo. Em 1962, diga-se de passagem, Portugal não disputou o Mundial no Chile, mas em 1966, Eusébio liderou a seleção portuguesa naquela que seria a melhor campanha da equipe na história das Copas. Bom, antes de contar a história dessa campanha memorável, é preciso esclarecer que até essa época a seleção lusitana não havia conseguido nenhuma classificação para a Copa do Mundo e nem para as duas primeiras edições da Eurocopa, em 1960 e 1964 (vale lembrar que apenas 4 seleções disputavam a fase final nessa época). Em nível internacional, o destaque fica por conta de uma participação nas olimpíadas de Amsterdã em 1928, quando os patrícios eliminaram chilenos e iugoslavos, mas caíram nas quartas de final diante do Egito. A título de curiosidade, inclusive, a primeira partida internacional de Portugal aconteceu dia 18.11.1921, com derrota por 3x1 para a Espanha. Cândido de Oliveira foi o capitão português nesse jogo e é considerado um dos grandes nomes dessa fase pré-Eusébio, assim como Pinga, Peyroteo, José Travassos e Matateu (também de origem moçambicana).
“Os magriços”! Assim eram conhecidos os jogadores portugueses, comandados pelo brasileiro Otto Glória e que chegaram de mansinho para fazer história na Inglaterra. O time tinha como espinha dorsal o Benfica, campeão da Uefa Champions League em 1961 e 1962, com jogadores como o próprio Eusébio, além de Mário Coluna (o monstro sagrado), José Augusto, Simões e Torres. Além deles, vale mencionar Jaime Graça, um dos pontos fortes daquele time ao lado de Coluna e Eusébio. Naquela época, a seleção portuguesa era inexpressiva (mais ou menos como a Romênia em 1994 ou a Turquia em 2002) e, por isso, a expectativa geral era de que Brasil (bi-campeão mundial em 1958 e 1962) e Hungria (uma das seleções mais temidas da época) se classificassem tranquilamente, com os lusitanos correndo por fora. Mas o que se viu foi algo fantástico! Nos dois primeiros jogos, duas vitórias categóricas contra Hungria (3x1) e Bulgária (3x0). Como o Brasil havia perdido para os húngaros na segunda rodada, a situação da chave ficou complicada para a seleção canarinho, que precisava vencer os portugueses no último jogo para entrar na briga. Portugal, por outro lado, poderia se classificar mesmo com derrota por dois gols de diferença, afinal as atuações nas primeiras partidas renderam um saldo de gols espetacular para a seleção lusa. Enfim, o time de Otto Glória não quis nem saber de segurar a seleção de Pelé e foi pra cima desde o início. Simões e Eusébio colocaram 2x0 de vantagem com menos de 30 minutos de jogo. Aos 25 da segunda etapa, Rildo diminuiu para a seleção sul-americana, mas o golpe final ocorreu 10 minutos depois, novamente com Eusébio. Com o placar final de 3x1 para Portugal, a seleção brasileira ficou na primeira fase e os portugueses se garantiram com 100% de aproveitamento, com 9 gols marcados e apenas dois sofridos.
Nas quartas de final, os patrícios encontraram a maior zebra daquela Copa (talvez a maior de todos os tempos): a Coréia do Norte. Os asiáticos, surpreendentemente, eliminaram a Itália e tinham esperanças de repetir o feito contra o time de Eusébio e companhia. Depois de abrirem 3x0 com 25 minutos do primeiro tempo (isso mesmo!), quem então poderia duvidar de que a seleção norte-coreana chegaria às semifinais? Bom, para um time que tinha Eusébio, nenhuma virada era impossível. Aos 27 minutos, o então craque do Benfica diminuiu e aos 43 minutos marcou seu segundo gol na partida. Na segunda etapa, aos 11 e 14 minutos, Eusébio balançou as redes e virou o jogo para 4x3. José Augusto colocaria ponto final, definindo a vitória de Portugal por 5x3. A esta altura, o pantera negra já havia balançado as redes na Copa do Mundo por 7 vezes e Portugal já fazia história por chegar entre os quatro melhores. Porém, a seleção lusa foi irreconhecível no jogo contra a anfitriã Inglaterra pelas semifinais. Os mais de 90.000 espectadores que compareceram ao estádio de Wembley, em Londres, presenciaram uma atuação de gala do craque inglês Bob Charlton (sobrevivente do acidente que matou boa parte do elenco do Manchester United em 1958). O jogo terminou 2x1 para o “English Team”, com dois gols de Charlton e Eusébio descontando de pênalti para Portugal. Na disputa do terceiro lugar, veio o prêmio de consolação e os lusos derrotaram a URSS por 2x1, em jogo muito duro. Eusébio e Torres marcaram para Portugal, enquanto que Malofeiev descontou para os soviéticos. Mal sabiam os jogadores que o terceiro lugar de 1966 (na primeira Copa do Mundo disputada por Portugal) seria o melhor desempenho da seleção nacional, quem sabe até 2010, quando a coincidência de encarar o Brasil na última rodada da primeira fase, aliada a possibilidade do astro Cristiano Ronaldo repetir o feito de Eusébio, enchem os portugueses de esperanças.
Depois da Copa do Mundo, o que se esperava é que a seleção portuguesa mantivesse o espírito vencedor e, no mínimo, conseguisse classificação para a Copa de 70. Mas o próprio Eusébio nunca mais foi o mesmo com a camisa lusitana e, como que por encanto, Portugal perdeu suas forças. Assim foi nas eliminatórias para a Copa de 1970 e 1974 e para a Eurocopa de 1968 e 1972, quando Portugal tropeçou em suas próprias pernas. Inclusive, foi em um empate por 2x2 com a Bulgária pelas eliminatórias para a Copa de 74 que Eusébio se despediu da seleção, mais precisamente no dia 13 de Outubro de 1973, quando os patrícios viram, mais uma vez, o sonho de voltar a Copa do Mundo ir por água abaixo. Durante esse período, Eusébio ainda marcou 4 gols em um torneio disputado no Brasil, chamado de Mini-Copa ou de Taça Independência do Brasil. Na oportunidade, a seleção brasileira foi campeã ao derrotar os portugueses por 1x0 no Maracanã. Na década de 70 (época de vagas magras), destaque para o zagueiro Humberto Coelho, que defendeu a equipe nacional por 64 vezes. Somente em meados da década seguinte que os patrícios voltariam a ganhar projeção internacional.
Depois de bater na trave por várias vezes, Portugal voltou a disputar uma grande competição em 1984. As eliminatórias para a Eurocopa foram complicadas, afinal os patrícios precisaram superar adversários de peso como URSS e Polônia. A campanha era tranqüila, até que aconteceu uma derrota desastrosa por 5x0 para os soviéticos. O resultado, porém, não interferiu na classificação final, com os portugueses conseguindo ficar na primeira colocação ao derrotar os próprios soviéticos por 1x0 no jogo de volta. E foi assim que a equipe garantiu seu passaporte para a França, onde aconteceriam os jogos da fase final. Talentos como Fernando Chalana (o pequeno gênio), Carlos Manuel, Rui Jordão e Nené formavam a base da equipe que conseguiu bom desempenho na Uefa Euro. Depois de empates com Alemanha Ocidental (0x0) e Espanha (1x1), a classificação para as semifinais ocorreu graças a um gol de Nené aos 36 minutos do segundo tempo, que selou a vitória por 1x0 contra a Romênia em Nantes. Na época, vale lembrar, a Eurocopa era disputada por apenas 8 seleções, divididas em dois grupos de 4, com duas equipes se classificando por chave. Nas semifinais, porém, os patrícios não resistiram ao confronto contra os donos da festa e perderam na prorrogação para a França de Platini. O jogo aconteceu em Marselha e as duas seleções empataram por 1x1 no tempo normal, com gols de Domergue para a França e Rui Jordão para Portugal. No tempo extra, não faltaram emoções. Aos 8 minutos, Rui Jordão virou o jogo para Portugal e tudo levava a crer que os patrícios chegariam a uma decisão inédita. Porém, faltando 6 minutos para o apito final do árbitro, a França conseguiu uma das reações mais fantásticas da história e virou o jogo, com Domergue (9 do segundo tempo) e Platini (14 do segundo tempo da prorrogação). Sensacional! Assim a França caminhou para o título europeu de 1984 e Portugal precisou esperar mais 20 anos para disputar uma decisão de Eurocopa.

Bento, Gomes, Frederico, Álvaro, Sousa, Oliveira, André, Jaime Pacheco, Carlos Manuel, Inácio e Diamantino. Essa foi a equipe titular que derrotou a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986. Mas com muitos problemas internos, a seleção portuguesa caiu de rendimento e perdeu para Polônia e Marrocos, sendo eliminada na fase de grupos.

Em 1986, Portugal voltou a disputar uma Copa do Mundo. Depois da boa participação na Eurocopa de 1984, a expectativa era de que os patrícios fizessem uma campanha, no mínimo, honrada. No entanto, muitos problemas internos atrapalharam a caminhada da equipe no México. O grupo era complicado, já que enfrentaram as tradicionais seleções da Inglaterra e da Polônia, além de uma incógnita que se tornaria surpresa: Marrocos. Na estreia, a prova de que aquela equipe poderia ter rendido muito mais foi dada com uma vitória por 1x0 contra a Inglaterra, em Monterrey. Carlos Manuel, aos 31 do segundo tempo, fez o gol dos lusitanos. Depois disso, porém, o time desandou. Nos bastidores, jogadores e federação não entraram em um acordo quanto à premiação e os atletas, então, fizeram greve de treinos antes do jogo contra a Polônia. Além disso, problemas de disciplina eram freqüentes e para piorar o goleiro titular Bento se contundiu e teve que ser substituído por Vítor Damas. Em meio a essa turbulência, Portugal perdeu para a Polônia por 1x0 e depois foi surpreendido por Marrocos, com derrota por 3x1. Diamantino foi quem fez o gol de honra dos patrícios, já no fim do jogo, quando o placar apontava 3x0 para os africanos. O resultado, obviamente, causou a eliminação precoce de Portugal e a maioria dos jogadores que estiveram no México estenderam sua greve, ficando sem jogar com a camisa da seleção nacional por dois anos.
Em 1989, Portugal ganhou destaque internacional com o título do Mundial sub-20. O torneio foi realizado na Arábia Saudita e o time comandado por Carlos Queiroz não estava entre os favoritos antes da competição. No entanto, a situação mudou na prática e após eliminar Colômbia e Brasil, a seleção portuguesa chegou à decisão contra a Nigéria. Abel e Jorge Couto fizeram os gols da vitória por 2x0 contra os africanos e comemoram muito o importante título. Dois anos depois, a boa seleção portuguesa já contava com reforços de peso como Figo, Rui Costa, Jorge Costa e João Pinto. Além disso, Portugal ainda foi sede do Mundial Sub-20. Tudo conspirou a favor dos pupilos de Carlos Queiroz, que saíram passando por cima de todo mundo e chegaram à grande decisão contra o Brasil. 127.000 pessoas compareceram ao estádio da Luz, no dia 30 de Junho de 1991 para acompanhar o jogo. O placar de 0x0 se arrastou durante o tempo normal e por mais 30 minutos de prorrogação, com o título sendo decidido apenas na disputa de pênaltis. Jorge Costa, Luis Figo, Paulo Torres e Rui Costa converteram para Portugal. Pelo lado brasileiro, Ramon e Andrei balançaram as redes, mas Elber e Marquinhos desperdiçaram suas chances. Placar final de 4x2 nos pênaltis e a esperança de que a geração de Figo e Rui Costa (campeões do Mundo sub-20) pudesse dar um título de expressão para a seleção portuguesa. Em 1996, a seleção europeia conseguiu sua única boa campanha em Jogos Olímpicos, justamente em Atlanta quando terminaram na quarta colocação. O destaque ficou por conta das quartas-de-final, quando os patrícios eliminaram os franceses com vitória por 2x1 já na prorrogação. Capucho e Calado fizeram os gols de Portugal, enquanto que Maurice descontou para a França. Nas semifinais, porém, derrota para a Argentina e eliminação. A disputa pelo bronze foi um fiasco, ao sofrerem uma goleada de 5x0 para o Brasil.
Na Inglaterra, em 1996, Portugal voltou a disputar uma Eurocopa. A geração de ouro, enfim, teria oportunidade de mostrar trabalho em uma competição de grande nível. Na estreia, empate por 1x1 com a Dinamarca, campeã de 1992. Sá Pinto marcou o gol português, enquanto que Brian Laudrup fez para os escandinavos. Na segunda rodada, vitória magra por 1x0 contra a Turquia, com gol de Fernando Couto. E, por último, uma vitória contundente por 3x0 contra a Croácia, gols de Figo, João Pinto e Domingos. O bom futebol apresentado na primeira fase fez com que a torcida lusitana acreditasse na conquista do inédito título europeu. Porém, nas quartas de final, o sonho foi por água abaixo, após derrota por 1x0 para a República Tcheca, com um golaço de Poborsky. Desde 1996, os portugueses não ficaram mais de fora de uma disputa de Eurocopa, o que prova a evolução da seleção nacional. Em relação à Copa do Mundo, os patrícios não conseguiram se classificar para a disputa da Copa da França, em 1998. Mas depois disso, os lusos se classificaram para as três Copas seguintes (2002, 2006 e 2010). Portanto, desde 2000 que Portugal não fica de fora da disputa das duas principais competições internacionais.

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