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Portugal! (Parte 2)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Hat-Trick de Sérgio Conceição contra a Alemanha, pela Eurocopa de 2000. Os portugueses deram trabalho e, por muito pouco, não disputaram a grande final!

Em 2000, a Eurocopa aconteceu em dois países pela primeira vez: Bélgica e Holanda. Após boa campanha em 1996, Portugal se sentia mais experiente e acreditava que poderia fazer bonito e superar os bicho-papões do continente. Com Fernando Couto assumindo a braçadeira de capitão, o primeiro grande desafio era sair vivo de um verdadeiro grupo da morte com Alemanha, Inglaterra e Romênia. Assim como em 1966, quando superaram brasileiros e húngaros na Copa, os portugueses terminaram a primeira fase com 100% de aproveitamento, causando temor nos futuros adversários de mata-mata. O primeiro jogo foi contra os ingleses, que abriram 2x0 com 18 minutos do primeiro tempo. Mas Figo aos 22 e João Pinto aos 37 igualaram o placar. Na segunda etapa, Nuno Gomes deixou o seu aos 14 minutos e virou a partida para um fantástico 3x2, relembrando os bons tempos de Eusébio. Na segunda rodada, outro duríssimo confronto, dessa vez contra a Romênia, sensação das Copas de 1994 e 1998. O jogo ficaria 0x0, mas aos 49 minutos do segundo tempo, Costinha fez o gol da vitória de Portugal. Contra a Alemanha, na última rodada, um 3x0 magnífico, um hat-trick de Sérgio Conceição. Nas quartas de final, Nuno Gomes fez dois gols e Portugal derrotou a emergente Turquia por 2x0. Pelas semifinais, encontro com a campeã do mundo de 1998: a França de Zidane. Nuno Gomes (sempre ele) deixou Portugal em vantagem aos 19 minutos do primeiro tempo, mas aos 6 da segunda etapa, Henry empatou para os “bleus”. O empate permaneceu até o fim do jogo e a partida foi para a prorrogação. Faltando três minutos para a sorte das duas seleções ser decidida na disputa de pênaltis, Abel Xavier tocou a bola com a mão dentro da área. O árbitro austríaco Gunter Benko concedeu escanteio, mas ao ser avisado pelo assistente voltou atrás e marcou pênalti para a França. Zinedine Zidane converteu e deu a vitória por 2x1 à seleção francesa. Assim como em 1984, os “bleus” eliminaram Portugal nas semifinais e partiram para o título da Eurocopa. Abel Xavier, Paulo Bento e Nuno Gomes foram suspensos por terem agredido o árbitro da partida. E a tão sonhada final de Eurocopa ficaria a cargo dos comandados de Felipão, na primeira UEFA Euro disputada em casa, no ano de 2004.

Jogadores portugueses pressionam o árbitro argentino Angel Sanchez, durante jogo contra a Coréia do Sul pela Copa do Mundo de 2002. No saldo, dois jogadores expulsos, time nervoso e derrota que causou a eliminação ainda na primeira fase.

Um fiasco! Assim pode ser definida a campanha de Portugal na Copa do Mundo de 2002, na Coréia do Sul e no Japão. Antes do Mundial, até mesmo pelos jogadores que tinha (principalmente pela fase espetacular que vivia Figo), a seleção portuguesa era cotada como uma das favoritas ao título. Vamos aos fatos! Para chegar a Copa do Mundo, os patrícios deixaram para trás a tradicional Holanda durante as eliminatórias, inclusive com uma vitória por 2x0 em Roterdã. O ataque formado por Pauleta e Nuno Gomes balançou as redes por 15 vezes nessas mesmas eliminatórias, destruindo as defesas adversárias. Rui Costa e Figo estavam no auge de sua carreira, mas a defesa não era confiável. Assim como a Colômbia de 1994, Portugal caiu diante de adversários menos badalados e ficou na primeira fase, lamentando tudo aquilo que poderia ter feito, mas não fez. Os Estados Unidos, por exemplo, abriram 3x0 de vantagem no primeiro jogo, mas Beto e um “gol contra” de Agoos fizeram o placar final terminar em 3x2. Na segunda partida, uma goleada de 4x0 pra cima da Polônia parecia ser o anúncio de que Portugal havia despertado na competição. Nesse jogo, Pauleta marcou três vezes e Rui Costa fez o quarto. No último jogo, a vergonhosa eliminação aconteceu após derrota por 1x0 para a anfitriã Coréia do Sul, gol de Park. Claro que justificativas (como erros de arbitragem) serão sempre dadas para abafar a campanha pífia de 2002. É fato que os sul-coreanos receberam uma mãozinha extra da arbitragem durante toda a Copa do Mundo, principalmente contra a Espanha nas quartas de final, porém no jogo entre Coréia do Sul e Portugal o que pesa mesmo é a falta de competência dos patrícios, que estavam nervosos e não conseguiram mostrar seu futebol. Em 2003, Luiz Felipe Scolari (campeão com o Brasil em 2002) foi anunciado como novo treinador e Portugal mudou sua postura. Felipão se tornou um ídolo local e a exemplo de Otto Glória fez história no comando da seleção portuguesa. Mas é preciso lembrar que o tão esperado título da Eurocopa não aconteceu!

Cristiano Ronaldo vence o holandês Van der Sa, em jogo pela semifinal da Euro 2004. Os lusos passaram por seleções como Holanda, Inglaterra e Espanha, mas caíram diante da Grécia.
Charisteas marca o gol da vitória da Grécia na Eurocopa de 2004. A derrota para os gregos foi um banho de água fria para os patrícios, que davam como certo o primeiro título europeu de sua seleção.

O ano de 2004 foi especial para o povo português, que se preparou de braços abertos para receber a Euro. De fato, Felipão conseguiu mudar muita coisa na equipe e também contribuiu para que houvesse uma maior identificação entre o povo e o time nacional. Sem dúvida, esse foi o ano da virada para a seleção portuguesa que, enfim, se firmou entre as principais da Europa. Além disso, foi nessa Eurocopa que Cristiano Ronaldo marcou seu primeiro gol com a camisa de Portugal. Muita coisa para um ano só! Tudo seria perfeito, mas os “deuses” colocaram no caminho português uma zebra digna da mitologia grega. Tudo começou no dia 12.06, com mais de 48.000 testemunhas no estádio do Dragão, na cidade do Porto. Antes da Eurocopa, ao ver a tabelinha, qualquer torcedor diria que o jogo mais fácil era contra a Grécia, certo? Bom, na teoria até que poderia ser. Mas na prática, não foi bem assim. Karagounis (7 do primeiro tempo) e Basinas (6 da segunda etapa) fizeram 2x0 para os gregos. Somente aos 48 minutos do segundo tempo, Cristiano Ronaldo (com apenas 19 anos de idade) fez o gol dos anfitriões. Foi o primeiro gol dele jogando pela equipe nacional! A derrota por 2x1 para uma seleção considerada fraca serviu de alerta para os lusos, que preferiram acreditar que o resultado não passava de uma zebra histórica, que só poderia acontecer novamente depois de muitos e muitos anos. Mal sabiam eles que algumas semanas depois reencontrariam a Grécia, dessa vez na decisão. Antes disso, porém, muita coisa aconteceu. Foi preciso que Maniche e Rui Costa marcassem seus gols e a equipe passasse pela Rússia, com vitória por 2x0 na segunda rodada. No clássico da União Ibérica, contra a Espanha, a vaga estava em jogo e a “fúria” jogava pelo empate. Mas Nuno Gomes, aos 12 do segundo tempo, fez o gol da vitória portuguesa, que mostrou que tinha um time preparado para superar grandes adversários. Prova disso foram os jogos seguintes, contra ingleses e holandeses. No primeiro, pelas quartas-de-final, podemos dizer que houve emoção em demasia. Owen, com 3 minutos de jogo, colocou a Inglaterra em vantagem. Depois de muita pressão, Portugal só conseguiu o gol de empate aos 38 do segundo tempo, com Helder Postiga. Com o placar de igualdade, veio a prorrogação que, diga-se de passagem, foi uma verdadeira guerra de nervos. Aos 5 minutos do segundo tempo, Rui Costa virou o jogo para os patrícios. A torcida festejou muito e parecia que Portugal superaria uma das seleções mais fortes do continente quando, aos 10 minutos, Lampard pôs fogo no jogo ao fazer o gol de empate. A decisão foi para os pênaltis! Cinco cobranças para cada lado e empate por 4x4. Foi em cobranças alternadas que saiu o classificado do confronto. Na primeira série, um gol para cada lado. Foi na segunda que pintou a estrela do goleiro Ricardo que, sem luvas, defendeu a cobrança de Vassel e ainda foi o responsável por converter a penalidade que deu a classificação a sua seleção. Emoção demais e festa para a torcida portuguesa, cada vez mais próxima de ver seus jogadores disputando uma final de Eurocopa. Na semifinal, outro adversário de peso: a Holanda. Sem tanto sofrimento, Portugal conseguiu abrir 2x0 com Cristiano Ronaldo (26 minutos do primeiro tempo) e Maniche (13 da segunda etapa). Nem o “gol contra” de Andrade foi capaz de atrapalhar a festa e os lusos derrotaram a Laranja Mecânica por 2x1, chegando à grande decisão.
Em 2004, Portugal e Grécia eram novidades na grande final da Euro. Nenhuma das duas seleções havia chegado a uma decisão de um torneio tão importante. Rotulados como “saco de pancadas” antes da Eurocopa e depois como “fogo de palha” durante a competição, a crítica mundial ainda acreditava que os gregos não pudessem vencer os portugueses, em Lisboa. E olha que para chegar lá, venceram os anfitriões na primeira rodada, deixaram a Espanha para trás com um empate e venceram França e República Tcheca no mata-mata. Mesmo assim, um título para a Grécia (uma novidade, no mínimo, estranha) não era unanimidade entre os palpiteiros de plantão. Bom, falar de Portugal e não falar da Grécia seria impossível, já que foram eles os maiores algozes da história da seleção portuguesa. O título de 2004 escapou por entre os dedos e não foi para uma França, Holanda ou Alemanha, mas sim para uma Grécia. Charisteas, aos 12 minutos do segundo tempo, calou os mais de 62.000 espectadores que compareceram ao estádio da Luz e fez explodir a torcida grega. Comparada a derrota da Hungria para a Alemanha na Copa do Mundo de 1954, a seleção portuguesa ficou no quase e viu uma desconhecida seleção ganhar o status de campeã europeia de 2004. Com a aposentadoria de Fernando Couto e Rui Costa, Felipão repôs as peças e armou a equipe para a Copa do Mundo de 2006. Durante as eliminatórias, uma campanha tranquila, marcada por uma goleada por 7x1 contra a Rússia, em Lisboa. Em fase de amadurecimento, o craque Cristiano Ronaldo balançou as redes por 7 vezes em 12 jogos, enquanto que o matador Pauleta fez 11 gols também em 12 apresentações. Na Copa do Mundo, um grupo teoricamente fácil com Angola, Irã e México. No primeiro jogo, vitória magra por 1x0 contra os angolanos, gol de Pauleta. O segundo jogo também não foi dos mais difíceis e Portugal derrotou o Irã por 2x0, gols de Deco e Cristiano Ronaldo. Com a seleção classificada antecipadamente, Felipão poupou jogadores e, mesmo assim, os portugueses derrotaram os mexicanos na última partida da fase de grupos.

Ricardoooo! Goleiro português defende cobrança de Carragher na disputa de pênaltis entre Portugal e Inglaterra pela Copa do Mundo de 2006. A história se repetiu, já que em 2004 foi o próprio goleiro da seleção lusitana que salvou a equipe também em disputa de pênaltis contra os ingleses, pela Eurocopa. Um verdadeiro carrasco, com certeza!

Em 2002, Portugal tirou a Holanda durante as eliminatórias para a Copa do Mundo. Em 2004, foi à vez dos portugueses vencerem os rivais nas semifinais da Eurocopa. Na Copa de 2006, o confronto se repetiu e a seleção portuguesa, outra vez, derrubou a “Laranja Mecânica”. Nuremberg foi palco de uma verdadeira batalha e os 41.000 torcedores que compareceram ao jogo devem ter ficado assustados com a violência imposta pelas duas seleções. A tradição ofensiva do futebol holandês foi trocada por entradas maldosas, irritação e descontentamento. Por outro lado, as boas apresentações de Portugal desde 2000 foram esquecidas e o time parecia preocupado em bater, bater e bater. Uma guerra sem fim! Aliás, teve fim sim e Portugal, outra vez, venceu os rivais, com gol de Maniche aos 23 minutos do primeiro tempo. Ao todo, quatro cartões vermelhos e oito amarelos distribuídos pelo árbitro do jogo, o russo Valentin Ivanov. Um recorde negativo na história das Copas! O futebol burocrático apresentado por Portugal nas oitavas de final permaneceu no jogo seguinte, contra a Inglaterra. É preciso enfatizar que os ingleses (assim como a maioria das seleções dessa Copa) também eram uma equipe burocrática. Bom, essa foi uma copa de muita marcação e de seleções sem criatividade. Prova disso é que a campeã Itália era uma equipe defensiva e o zagueiro Cannavarro ganhou o prêmio de melhor jogador da Copa. Voltando ao confronto entre Inglaterra e Portugal, foi um 0x0 amarrado durante 120 minutos de jogo, só decido nos pênaltis. Assim como em 2004, os patrícios levaram a melhor sobre os ingleses e como em 1966, com um brasileiro no comando, estavam de volta às semifinais de uma Copa do Mundo. O confronto era com a França de Zidane e, outra vez apresentando um futebol sem inspiração, os portugueses foram derrotados por 1x0, gol do próprio Zidane cobrando pênalti. Na disputa do terceiro lugar, derrota por 3x1 para a Alemanha e a equipe de Figo e Cristiano Ronaldo não conseguindo igualar a campanha de 40 anos antes.
Não foi fácil para Portugal chegar a Eurocopa de 2008, na Áustria e na Suíça. Depois de sofrimento nas eliminatórias, a equipe de Felipão foi consistente em seus primeiros jogos, quando venceu a Turquia (2x0) e a República Tcheca (3x1). Na última rodada, apenas cumprindo tabela, os portugueses foram derrotados por 2x0 em jogo contra a Suíça. Nas quartas de final, porém, um confronto contra a Alemanha foi fatal para os lusos. Na primeira etapa, Schewsintenger e Klose abriram 2x0 para os alemães e Nuno Gomes descontou para Portugal. Aos 16 do segundo tempo, Ballack fez o terceiro dos germânicos. Somente aos 42 da segunda etapa que Helder Postiga diminuiu a vantagem. A derrota por 3x2 para a Alemanha selou o fim da era Scolari no comando da seleção portuguesa. Em três competições oficiais, Felipão foi quarto colocado em uma Copa do Mundo e vice-campeão de uma Eurocopa, resultados que exemplificam a evolução da seleção lusitana com o brasileiro no comando. Depois dele, Carlos Queiroz assumiu Portugal e teve dificuldades para chegar a Copa do Mundo. Nas eliminatórias, uma derrota em casa para a Dinamarca quase acabou com o sonho de ir à África. Na reta final, os portugueses se recuperaram e ficaram na segunda colocação da chave (a Dinamarca foi à primeira). O resultado levou Portugal para uma repescagem contra a Bósnia-Herzegovina e os lusos, com certa autoridade, venceram os dois jogos e chegaram a Copa de 2010. Hoje em dia, a seleção portuguesa conta com alguns jogadores brasileiros que contribuem para o bom futebol da equipe, como Deco (que estava na Copa de 2006), Pepe e Liédson. Na próxima Copa, enfrentam Brasil, Costa do Marfim e Coréia do Norte, em um grupo classificado como o da “morte”. Se você analisar todas as informações passadas aqui, irá perceber que Portugal costuma se sobressair em grupos da morte. A sorte está lançada e a herança deixada por homens como Otto Glória e Felipão, Eusébio e Figo, Coluna e Chalana, são mesmo para inspirar Cristiano Ronaldo, Deco e companhia. Em Junho essa história ganha mais um capítulo!

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