Quatro sobreviventes, quatro camisas de peso!
domingo, 4 de julho de 2010
Alemanha (Tri campeã do Mundo e Tri campeã da Eurocopa)
Espanha (Bi campeã da Eurocopa)
Holanda (campeã da Eurocopa em 1988, duas vezes vice-campeã do mundo)
Uruguai (Bi campeão do mundo e 14 vezes campeão da Copa América)
Holanda, Uruguai, Espanha e Alemanha sobreviveram e sonham com o título da Copa de 2010. Alemanha e Uruguai já conquistaram o Mundial, os alemães por três vezes e os uruguaios em duas oportunidades. Mas a celeste olímpica, tão admirada até a década de 50, faz parte da história, é uma lenda do futebol, conquistou dois ouros olímpicos em 1924 e 1928 e a primeira Copa do Mundo, em 1930. Calou o Brasil em 1950, um trauma que sempre é lembrado pelos brasileiros, será insistemente falado durante a Copa de 2014, quando a seleção canarinho voltará a ter a chance de conquistar o título em casa, algo que foi impedido pela raça uruguaia naquela oportunidade. Depois disso, porém, o futebol da celeste foi se apagando, quase caiu no ostracismo, como ocorreu com a Hungria, por exemplo. A diferença em relação aos húngaros é que o continente sul-americano tem poucas seleções e muitas vagas para a Copa do Mundo, que faz com que o Uruguai apareça quase sempre. Na Copa América, a última conquista foi em 1995, quando a seleção uruguaia ainda tinha Francescoli. Foram 14 títulos continentais durante toda a história, o mesmo número de conquistas da Argentina e seis a mais que o Brasil. São números que causam inveja em muitas seleções europeias, inclusive na Holanda e na Espanha. O Uruguai, mesmo assim, é considerado como uma seleção média, sua aparição em uma semifinal de Copa do Mundo, depois de quarenta anos, é algo surpreendente. E não é por acaso. O time, apesar de bons nomes como Suarez e Diego Forlan, não empolgou nos últimos anos. A geração Recoba, por exemplo, fez feio na Copa de 2002, caindo ainda na primeira fase. Depois de quase tirar o Brasil na semifinal da Copa América 2007, quando perdeu nos pênaltis, a celeste não foi levada em consideração, afinal fez uma campanha ruim nas eliminatórias, quando chegou a perder, em casa, para a seleção brasileira por 4x0. Conseguiu a vaga, de forma sofrida, na repescagem contra a fraca Costa Rica. Enfim, o caminho uruguaio nesse Mundial não foi dos mais complicados. O time de Oscar Tabarez não enfrentou uma Holanda ou Argentina no mata-mata e isso ajudou muito. Passou por África do Sul, México, Coréia do Sul e Gana, além de um empate com a França na primeira rodada. Mas pela raça, e pela tradição que tem, é sempre um time que pode, quando menos se espera, eliminar um concorrente de peso.
Holanda e Espanha não tem histórias parecidas, mas têm algo em comum: são as únicas potências que ainda não conquistaram o título. A Laranja foi apelidada de “Laranja Mecânica”, quando apareceu muito bem na Copa de 1974, na Alemanha Ocidental. Até então, a seleção holandesa era inexpressiva no futebol mundial, até mesmo no continente europeu. Mas a geração de Cruyff e companhia fez tão bonito no Mundial que chegou como favorita no confronto contra os alemães. Revolucionou o futebol, com seu carrossel holandês, um fenômeno que fez brilhar os olhos de muitos fãs de futebol, que se apaixonaram (e ainda se apaixonam) por aquele time. Perdeu o título, é verdade. Mas nem isso ofuscou a força daquele time. Quatro anos depois, a Holanda foi novamente derrotada pela seleção anfitriã na final da Copa do Mundo, a Argentina. Depois dessa geração, surgiram outras brilhantes, como a de Van Basten (campeã da Eurocopa 1988) e a de Bergkamp com excelentes campanhas nas Copas de 1994 e 1998. Agora, a geração de Robben e Sneijder já fez história e mostra o quanto essa seleção continua no topo, entre as mais fortes do futebol mundial. Ganhou todos os jogos das eliminatórias e se vencer a Copa do Mundo com duas vitórias no tempo normal, vai igualar o Brasil de 1970, que venceu todas as partidas das eliminatórias e do Mundial do México. Verdade que o futebol apresentado não é tão encantador como o de outras equipes do passado, mas o técnico Bert Van Marwijk, muito lúcido, organizou um time eficiente, pronto para ser campeão. A Laranja é favorita contra o Uruguai e entra com igualdade de favoritismo na decisão, caso consiga a vaga. Já a Espanha tem uma história um pouco diferente. Ao contrário da Holanda, a “fúria” já era uma força na década de 30, quando foi muito prejudicada pela arbitragem em jogo contra a Itália, na Copa de 1934. Em 1938, seria campeã do mundo para muitos, afinal tinha a melhor equipe, mas a guerra civil espanhola impediu que o time disputasse o Mundial. Nas décadas de 50 e 60, a seleção da Espanha continuou forte, tanto é que disputou duas finais de Eurocopa contra a URSS, perdendo em 1960 e vencendo em 1964. Em 1962, quase eliminou o Brasil da Copa, mas por erros grosseiros de arbitragem, acabou perdendo o jogo. Assim seguiu, muitas vezes caindo em fases decisivas de uma Copa do Mundo, por causa de “falhas” dos árbitros. Eu tenho quase certeza que decidiria com o Brasil a Copa de 2002, mas foi prejudicada de forma suspeita no jogo das quartas de final contra a Coréia do Sul. A Alemanha, que tinha um time medíocre, tirou a seleção sul-coreana na semifinal e decidiu contra os canarinhos. A fúria, por outro lado, foi bi-campeã da Eurocopa em 2008 e já entrou para a história ao, no mínimo, repetir a sua melhor campanha em Copas do Mundo, quando ficou no quarto lugar, em 1950. Contra a Alemanha, não é favorita. Mas não era na final da Euro 2008 e venceu. Por isso, me arrisco a dizer que a fúria tem tudo para decidir a Copa de 2010 contra a laranja. Seria inédito e emblemático, com as duas potências que ainda não venceram decidindo o título.
A Alemanha, para finalizar, dispensa comentários. É tri campeã do mundo, tri campeã da Eurocopa, está sempre entre os quatro melhores dessas duas grande competições. É um time de chegada, tão incontestável como o Brasil. De 66 pra cá, decidiu o Mundial em seis oportunidades, venceu duas. Uma delas, inclusive, contra a Holanda, que pode ser adversária na final, caso a Alemanha passe pela Espanha. Na Eurocopa, os números são incríveis também. Desde 1972, disputou cinco decisões, com três títulos europeus. Por mais que tenha sido desprezada no início da década, a Alemanha já chegou a uma final de Copa (2002) e ao terceiro lugar (2006), além de uma final de Eurocopa (2008). Concordo que essas equipes não eram as mais brilhantes, mas o time atual, recheado de garotos talentosos, cria boas perspectivas para o povo alemão, inclusive para essa reta final da Copa de 2010. Caso não conquiste o título, o que é normal pela concorrência, essa equipe estará mais forte e madura para a Eurocopa 2012 e, sobretudo, para a Copa de 2014, no Brasil. Enfim, os germânicos chegaram com moral. Golearam três vezes nessa Copa, me lembra até aquelas seleções épicas do passado. Mas muitas delas não venceram. A Alemanha atropelou Argentina e Inglaterra em uma Copa do Mundo, isso não é para qualquer um. Pode até ser que seja derrotada pela Espanha (acho mais possível do que muitos que estão lendo), mas essa campanha será eterna, independente do resultado final. Aos germânicos, a possibilidade do tetra está próxima, até para chegar ao Brasil em busca do penta, algo só conseguido pelos canarinhos até hoje. De uma coisa tenho certeza, as quatro seleções que chegaram à semifinal merecem esse feito, seja pela rica história do passado ou pelo futebol envolvente do presente. Alemanha e Espanha, as duas finalistas da última Euro, e a Holanda, invicta há quase dois anos, são ou não são as três melhores do seleções do mundo atualmente? Eu garanto, serão as três primeiras colocadas dessa Copa, seja qual for a ordem.
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